O GRITO DOS EXCLUÍDOS

 

 

Nos últimos anos acentuou-se a pobreza em nosso país. No bairro onde moro, em Curitiba, toda semana frequentamos o centrinho do mesmo, onde há uma avenida movimentada e nela localizam-se escritórios, lojas, bancos, farmácias e supermercados. Ali, sob marquises, pontos de ônibus, ou mesmo em frente às portas de bancos e lojas, concentram-se pessoas sem teto, onde dormem e deixam seus pertences: marmitas, roupas, cobertores... às vezes um ou mais cães.

 

Nesses locais disputam moedas ou notas de baixo valor que os transeuntes lhes dão. Em frente a uma grande Agência do Banco do Brasil, nesta semana, foram colocados grandes vasos, contendo arbustos da espécie Coroa de Cristo, plantas que crescem bastante e lançam enormes espinhos em seus caules e ramos. Não há dúvida que tais vasos não têm finalidade ornamental mas sim, afugentar os infelizes moradores de rua. Não bastasse sua condição de pobreza extrema e abandono, a sociedade lhe é muito hostil.

 

Dia desses, vi na TV uma entrevista com o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, que mostrava uma cena sob o viaduto João Goulart, popularmente chamado de Minhocão, em São Paulo, onde a administração municipal fez um calçamento com pedras em alturas diversas, tendo a finalidade de impedir que essas pessoas ali se acomodem.

 

Em outro local, o mesmo religioso mostra uma fachada de banco, cujos parapeitos de janelas baixas receberam grandes e afiadas pontas de ferro, impedindo que alguém sente ou deite.

 

Triste, deplorável situação! Não há como não se comover com tão infeliz existência e tão cruel atitude da sociedade para com esses seres humanos.

 

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 13/11/2022
Reeditado em 20/01/2023
Código do texto: T7649129
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