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A troca simbólica é um meio organizativo existente nas formações sociais mais antigas, as chamadas culturas tribais. Pierre Bourdieu pretendeu retificar a teoria do consenso por uma concepção teórica capaz de revelar as condições materiais e institucionais que presidem à criação e transformação de produção simbólica cujos bens deixam de ser vistos como meros instrumentos de comunicação e/ou conhecimento.

A fluidez das informações que circulam nas mídias produzem significação ao se materializarem como narrativas e perfaz-se como troca simbólica, isto é, mecanismo de oferta e demanda que se dá de forma indireta. Esse é o conceito de troca simbólica traçado por Lévi-Strauss para quem os seres humanos instituem-se como seres culturais pois fixam relações mútuas ao se comunicarem entre si por trocas que só podem ser apreendidas num processo metafórico/simbólico e, não por relações diretas, de coisas em si mesmas.

Numa sociedade capitalista o valor é questão sempre em pauta, permeia não apenas o consumo, mas a esfera do trabalho, e a escolha dos sujeitos, pode-se questionar: de onde vem o valor das coisas? Tais questões pode trazer inquietações sobre a justiça, afinal é trivial indagar-se se certo produto possui preço justo, visto que o valor atribuído a ele varia de acordo com cada localidade, conforme a época ou relevância social. O valor reside e dormita na natureza das relações sociais, estando em permanente construção. Para transformar algo em mercadoria se faz necessário transformar esse valor de uso em valor de uso social, o que ultrapassa a questão individual e alcança a coletividade.

Lembrando que o valor de troca é pautado na possibilidade de equiparação de um produto ao outro. Enfim, o alimento apesar de ser tão essencial, é mais barato que a cama pois esta dependeu de maior trabalho para ser produzida. Socialmente, isso acarreta a anulação das diversidades e idiossincrasias dos produtos, inserindo-os na lógica da abstração, moldando-se sempre as bases que permite essa equiparação.

A nova forma de atribuição de valor aos produtos, segundo o filósofo Jean Baudrillard que afirmou que para além da utilidade ou do trabalho humano, os símbolos emergem como nova maneira de produzir valor, iniciando-se, assim uma valorização que reside mais propriamente no plano subjetivo do que no material. Assim, o valor é ativado pelos meios ideológicos e por meio de símbolos e signos.

Dessa forma, consumir ou adquirir um produto, mas um estilo  de vida, uma ideia, que está relacionada também com a ascensão de status social e de pertencimento a uma sociedade capitalista e burguesa marcada pela supervalorização do consumo. Compra-se urgentemente, não perca a promoção!

 

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/11/2022
Reeditado em 01/03/2023
Código do texto: T7648993
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