CONVERSA DE AMIGOS.

— Olá! Gilmar! Quem diria... Você por aqui! Quem é vivo sempre aparece, tudo bem com você?

— Ô! Carlos! Quanto tempo meu camarada! Foi você quem sumiu homem... não te vejo faz tempo.

— Estou sempre por aí, perambulando, aqui, ali, e você? Está fazendo o que dá vida?

— Depois que eu saí da empresa fiquei um ano parado, voltei a trabalhar não faz muito tempo, arrumei emprego em um supermercado faz dois anos, estou novamente exercendo a minha antiga profissão, açougueiro. E você... o que faz da vida? Aposentou ou ainda tá na ativa?

— Quem me dera aposentar, faltam uns três anos eu acho, estou na mesma empresa, mesmo setor, função não mudou, o pessoal é outro agora, da velha guarda ficou eu e o Gerson.

— É... O tempo voa caríssimo. Eu estou com o processo correndo contra a empresa, lembra? Já faz cinco anos nessa labuta interminável.

— Caramba! Tudo isso? E a coluna? Me lembro que você operou, colocou parafuso, ou qualquer coisa assim... ainda dói muito?

— Desde que eu fiz a cirurgia nunca parou de doer, essa é a verdade, às vezes menos, outras mais, a gente aprende a conviver com a dor. Quanto ao processo... você sabe, a justiça Brasileira nunca foi das mais rápidas, daí veio a pandemia, atrasou ainda mais o andamento, agora, política, sei não viu...

— Nem me fale desse vírus maldito, peguei duas vezes esse raio, quanto ao processo, fica em paz, vai dar tudo certo, em breve você retorna na empresa.

— Tomará amigo, tomará, embora eu não tenha lá muitas esperanças. Rapaz, você falando aí do vírus, e eu que peguei três vezes essa merda, depois de tomar quatro doses da vacina, não me adiantou foi é nada ter tomado tanta vacina, fiquei é todo ferrado.

— É um exagero tanta vacina, tudo enganação, quantas pessoas não morreram depois que tomaram. A minha tia tomou as duas doses, não saía de casa para nada, pegou novamente e acabou falecendo, mas, parece que todo mundo esqueceu do vírus né, agora o único assunto é direita, esquerda, isso pode, aquilo não...

— Bem isso amigo, no caso da vacina eu só tomei mesmo porque fui obrigado por causa do trabalho, eu também perdi um tio, o Carlinhos, que trabalhava na Grostal, lembra dele?

— Sim, lembro, o homem era um touro, fazer o quê... É o sistema querendo equilibrar a balança do mundo.

— E bem que avisaram por essa internet da vida, mas, ninguém acredita, acham que se fala demais, que é besteira, isso, aquilo outro, olha só, e não é que muitos tinham razão.

— O pessoal prefere dar ouvidos ao... você sabe quem, igual as pesquisas, onde já se viu, o cara estar com quarenta e tantos por cento das intenções de votos e não consegue juntar meia dúzia de desajustados... Já o da situação, até lá fora faz motociata de última hora e junta multidão, como então ele pôde estar atrás nas pesquisas, e mais, perder em dois turnos? Como é isso?

— A mentira falada por meia dúzia está soando mais alto do que toda a direita junta, essa é a verdade. Ou, como diz certo cidadão da esquerda, a mentira voa, enquanto a verdade rasteja.

— O problema é que a direita não reagiu quando teve tempo, se acomodou, aceitou tudo, não repassou nada, ficou apenas olhando o bonde passar, e passou, com tudo, atropelando geral.

— A coisa está a passos de tartaruga, Brasil, tudo é muito complicado nesse lugar, impressionante, fazer o que, o jeito é empurrar com a barriga.

— Se não fizerem nada vai acontecer igual lá fora, olha o exemplo do americano.

— É o que sempre disse amigo, eu cansei de falar, mas, ninguém escutou mesmo... Olha rapaz, o papo está bom demais, foi um prazer te reencontrar, mas, estou atrasado, tenho que trabalhar daqui a pouco, até mais ver meu camarada, aparece por aqui outras vezes.

— Vai lá amigo, bom trabalho para você, eu também estou atrasado, não sei nem como a mulher não me ligou ainda, se já não tive por aí com vassoura na mão atrás de mim. Até mais, apareço sim.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 13/11/2022
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