UM TELEFONEMA INESPERADO

Quando completei 55 anos, lembrei que sempre era acordado, com telefonema, pelo meu pai bem cedo no dia do aniversário para dar os parabéns, tradição que se manteve firme até o falecimento dele em janeiro de 2002. Esses 20 anos sem ouvir o telefone tocar com aquela intenção faz falta imensa. Temos costume na família de receber o café na cama nos aniversários e datas comemorativas, como Dia dos Pais e das Mães. Eu que sempre acordo antes de toda turma, fiquei quietinho na cama aguardando entrarem no quarto cantando os parabéns, trazendo presente e dando beijo nesse idoso de alma jovem. Enquanto os aguardava, veio a lembrança dos telefonemas de papai. Começou a bater uma saudade que fez meu coração disparar, coisa que raramente acontece comigo (coração disparar). De repente ouvi o som de algo quebrando ao cair no chão na cozinha. Foi estranho, pois não tinha ninguém lá e nem, tampouco, havia alguma janela aberta que produzisse um vento tão forte a ponto de derrubar aquela caneca. Uma lágrima solitária e saudosa escorreu pelo canto do olho. Meu querido pai não esqueceu de ligar para o filho caçula no dia do seu aniversário mais uma vez.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 13/11/2022
Reeditado em 08/08/2024
Código do texto: T7648622
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