Ultimo dia de vida de uma flor no jardim abandonado
No passado era tratada, cuidada com carinho como tal, o solo poroso e o acumulo de estercos no envolto de seu caule reservava alimento até das pequenas raízes salientes. Mas os tempos são outros, o advento imobiliário em decadência, a escassez de inquilino preferindo novas e moderna construções corroborou com o abandono parcial e depois total, as ervas trepadeiras cobrem a fachada e janelas reforçando o aspectos de abandono de um jardim que se orgulhava de enfeitar a residência dos barões de café da região sorocabana.
Nem por decreto alguém vai reconhecer, está senhora exilada que um dia o espelho refletiu a beleza de seu astral, maquiando todo os dias antes da aparição na sacada da concorrida mansão para o chá da tarde, logo a noite na boate se apresentava como a dama da noite abrasando os corações dos mancebos sem lenços e documentos.
Na secura esturricada da estação de outono brevemente pegando o bastão do verão, resta abrir o velho baú e recordar a primavera de outrora, devanear e deixar voar a imaginação quem sabe por um milagre as nuvens escuras se transformam em chuvas, venham dar vida a flor de pouco tempo, e reviver as glorias que um dia foi ovacionada de pé aos gritos és bela e linda dama da noite e a principal personagem da boate da nossa cidade.