CAMISA AMARELA

A copa está chegando. E eu, que gosto de futebol, ainda preservo certo ranço pela "camisa amarela".

Talvez essa apropriação indevida dos símbolos nacionais (como se o país fosse só de e para alguns) se esmaeça com o tempo. Não sei. Só vivendo saberei.

Mas agora tenho um motivo para limpar o olhar: pessoa de camisa amarela da seleção brasileira é apenas um torcedor de futebol. Quero reconfortar meu pensamento, ainda que por segundos.

Logo depois eu me recordo que pessoas fascistas, racistas, adeptas de fanatismo religioso, misóginas, aporofóbicas, homofóbicas, em síntese, bolsonaristas (já que foi dado um nome a tudo isso), infelizmente, continuarão ao nosso redor.

Sobre a camisa, eis um bom momento para ressignificação: apenas torcedores da seleção brasileira de futebol. Sobre os pensamentos e comportamentos, aí é mais complexo. Continuará sendo uma luta constante para os que buscam um mundo melhor, onde o direito de existir (em plenitude, com dignidade) seja de fato para todos os seres humanos.

Não sei qual país levantará a taça da copa do mundo de futebol masculino em 2022. Mas, por aqui, já alcançamos uma vitória importante, uma resposta concreta. Um sinal de que devemos continuar insistindo em levantar a taça da justiça social, da igualdade de direitos, da erradicação da pobreza, do respeito às diferenças, enfim, a taça da humanidade.

E, como dito por Elaine Behring, "o mercado (composto majoritariamente por pessoas ricas, de carne e osso) que tome seus calmantes".

De camisa amarela ou não, vamos pro jogo!