AS VANTAGENS DO RISO E DA RELIGIÃO

Não parece, levando-se em conta meu ar sisudo e esta cara de quem chupou limão, mas gosto de rir e até sei contar piadas. A questão é que, por meu temperamento mais fechado, só as pessoas que tenho mais afinidade conhecem esse meu lado mais leve. Mas recomendo o (bom) humor e o riso para todos os males do corpo e da alma.

Essa reflexão traz à lembrança algo que a maravilhosa escritora Lya Luft sempre abordou: o fato de escrever sobre temas mais lúgubres não quer dizer que o autor ou autora seja depressivo - a própria Lya aborda temas mais pesados em seus romances e contos, mas dá um show de otimismo inteligente em seus artigos e crônicas. Luís Fernando Veríssimo, que já citei nesta coluna, aparentemente é um vovô sisudo, mas seus textos são os mais bem humorados e irônicos que já tive o prazer de ler - é um tipo de humor inteligente, que provoca a reflexão ao mesmo que diverte.

Em contrapartida, muitos artistas que fazem humor, sofrem de depressão: quem não riu do ator Robin Williams no filme UMA BABÁ QUASE PERFEITA? Ainda assim, Williams tinha problemas com drogas e depressão e consta que cometeu suicídio.

A saída parece ser encontrar o equilíbrio, sem levar tudo muito a sério, mas também sem gargalhar de tudo e de todos - por que isso seria loucura.

Da mesma forma, apesar de não concordar com os dogmas e regras de todas os credos, defendo a vantagem de todas as pessoas terem algum tipo de religião. Fui batizado e confirmado na IECLB e nos últimos tempos voltei a frequentar os cultos - a minha ideia é voltar a ser membro, quando eu estiver mais organizado na questão profissional e financeira. Mas já frequentei várias religiões e encontrei de tudo um pouco, desde pessoas que se livraram de algum vício depois que começaram a frequentar uma igreja até líderes religiosos que manipulavam a mente dos fiéis, aproveitando-se de sua fé em proveito próprio. Acredito que existem casos de "pastores" que se negaram a tomar a vacina contra o Covid 19 e estimularam os crentes a fazerem o mesmo, na justificativa de que Jesus está voltando para salvar a todos que se arrependem de seus pecados - e frequentam a congregação religiosa da qual eles são líderes, é claro. Nesse caso, a questão mais uma vez é procurar o equilíbrio: alguém que respeite a lei de Deus e a fé sem manipular a mente das pessoas: a fé é cega, mas não precisa necessariamente ser burra ou alienada. E isso não se restringe à religião: os defensores ferrenhos de Bolsonaro, que não aceitam a vitória do adversário nas urnas, mesmo estando nós em uma democracia são o maior exemplo dessa cegueira obtusa.

Mas antes de tudo, defendo o direito e a vantagem de seguir uma religião. Como diz meu pai, a religião é um freio do mundo: melhor estar dentro de uma igreja orando do que na rua se drogando, roubando ou matando alguém.

Por isso, este texto defende a vantagem do riso e da oração, cada um em seu tempo:

Só rindo pra não surtar diante de tudo que está acontecendo no país e no mundo. Só orando pra não desistir de tudo pelo mesmo motivo.