PROFISSIONAIS SEM PROFISSIONALISMO ("Nunca misture amizade com profissionalismo, ser amigo, muitas vezes, te impede de dar o NÃO que outro precisa levar." — Claudia Berlezi)
Era uma manhã radiante quando o sol se erguia timidamente no horizonte, banhando a escola com seus raios dourados. Naquele cenário aparentemente comum, um turbilhão de histórias e desafios se desenrolava, especialmente para nós, os professores. Éramos protagonistas de um cotidiano repleto de lutas e injustiças, travando batalhas invisíveis nas entranhas do sistema educacional.
Naquele dia, eu me via imerso em um dilema opressor. Os chefes, protegidos por uma engrenagem burocrática, eram impiedosos quando contrariados. Críticas eram silenciadas e a voz dos sábios que ousavam desafiar a norma era temida. Em uma reunião pedagógica, onde as feridas eram expostas, algumas colegas destemidas decidiram confrontar a metodologia ineficaz dos gestores. A resposta foi o "massacre" implacável.
E ali estava eu, como um personagem de um passado distante, agradecendo por estar vivo o suficiente para testemunhar a tão esperada vingança. O próximo "Conselho de Classe" seria o palco dessa revanche. Os alunos, orientados por líderes inspirados, foram instruídos a expressar suas queixas sobre as aulas. Uma onda de medo me invadiu, porque nossas aulas não agrada a maioria. e a liberdade de expressão era quase inexistente. Sentia-me desmascarado, perdido em meio às críticas diárias que questionavam minha competência. No entanto, algo extraordinário aconteceu naquela reunião.
Os representantes dos alunos, jovens cheios de inspiração divina, não se voltaram contra nós, os professores. Pelo contrário, eles exigiram maior rigor dos coordenadores no tratamento dos indisciplinados. Os que buscavam refúgio na coordenação, retornando com advertências escritas que exibiam como troféus de guerra; por isso, também foram confrontados. Naquele momento, um sorriso sincero e reconfortante iluminou meu rosto.
No entanto, como a "alegria de pobre dura pouco" e a vida sempre nos reserva surpresas cruéis. "Uma bala perdida" atingiu minha consciência quando fui acusado de perturbar a escola ao dar notas nos cadernos dos alunos. Inadvertidamente, acabei me envolvendo em uma teia na qual os atrasados corriam atrás de mim em busca de um simples "visto" em seus cadernos, perturbando as aulas dos demais. Mas, há uma reviravolta positiva nessa história. O tiro não me atingiu de forma negativa. Ao contrário, ele me despertou para uma importante lição: continuei concedendo meus "vistos" nos cadernos dos alunos, por não ter nenhuma outra forma de avaliação continua, querida dos pedagogos.
E assim, prosseguindo em minha jornada, mantenho o fogo da paixão pela educação ardendo dentro de mim. As adversidades, longe de me enfraquecerem, servem para me fortalecer. Cada marca deixada nos cadernos dos estudantes representa um passo em direção ao futuro, uma contribuição significativa para a construção de uma sociedade mais justa e inspiradora. Dizem que onde se ganha o pão não se come a carne.