Recordando as páginas preenchidas

O tempo passou e nem percebeu, uma lenta transformação como uma nuvem horas mostra um formato, minutos depois outro desenho geométrico, a rotina demorada do sol do nascente ao poente, ele pensa que talvez nem toda a sua vida fora tão lenta quanto aquele tedioso dia. João já viúvo, vô de dois netos, casados um preste a ser pai por esse dia. No próximo mês ira pertencer ao grupo do sexagenário, bem conservado e ainda um tanto inteligente, matava a charadas antes das tentativas alheias. João lembrava da sua juventude, tantas festas! Quantas mulheres! O quanto era despreocupado e feliz, e agora vem aquelas lembranças incluído os momentos banais e ruins na mente, sorriu levemente como um consolo, ao menos teria saboreado alguns eufóricos momentos de alegria. Sentado na varanda da casa grande, localizada num bairro nobre mas para ele era uma janela a rua fúnebre, solitária e seus bons pensamentos se dissiparam como uma rajada de vento repentino, nada tinha haver com a rua onde morou até casar, e criar os filhos continuou ali até, perder a companheira e a revoadas dos filhos pra quela selva de pedra, mas sua infância já tão remota, apenas queria lembrar-se que fora boa, relativamente boa. Preferia crer que fora boa. E viu sua mulher sorrindo no cartório, um casamento simples, só ambos e o padre, era uma bela mulher, carnuda, dentes grandes, alvos e extremamente retos, era ciumenta e dona de uma personalidade ímpar, de forma que exalava respeito apenas com sua meiguice, lembrou dos seus defeitos, mas preferia ficar apenas com boas recordações, afinal ela já estava morta. Rosa se fora tão rápido que não dava nem para acreditar, um ataque cardíaco, simplesmente sumiu, evaporou. João voltou para realidade, esqueceu suas velhas recordações, ligou a TV e mergulhou novamente em sua solidão.

Jova
Enviado por Jova em 09/11/2022
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