o verbo preso na garganta
A aflição em precisar se conter. A emoção apertando o coração, se manifestando nas lágrimas que escorrem após bárbaros quatro anos de convivência com o pior do ser humano--antes escondido--revelado. Discursos torpes, narrativas ensandecidas ao estímulo de mentiras. Ter que saber perder, como a história lembra. Agora, ter que saber vencer. A obrigação em precisar ser diferente, pois nos calamos de cabeça erguida no passado. Eu quero gritar. Eu quero brigar; e não somente por necessidade própria. Eu quero gastar a energia concentrada, guardada, escondida como um artefato de uma civilização destruída. E eu não quero dar o outro lado da face. A ignorância pode ser uma bênção, tão popular quanto hoje é o Papa. Mas a ânsia de vômito, a náusea de uma gravidez verbal, é forte demais para ser deixada de lado.