Deus não é invisível
Domingo, como toda criatura eu me curvo ao senhor, em rituais ortodoxos, joelhos-me , levanto e descanso.
Com olhos fixos, ouvidos atentos, sou inundado de fé, esperança e uma bondade que muitas vezes, me fogem na semana. Lá estou totalmente entregue, existe uma aura, algo que em meus cânticos sacros, faz -me despertar em outra realidade, seja esse talvez o amor de Deus?
Em um seguinte momento dessa celebração, fui surpreendido por uma figura magra, de pele morena, cabelo curto, com um saco de farinha nas costas, acredito que faltavam-lhe dentes . Ela entra na igreja, com um olhar desconfiado, a vejo assustada, quando todos estavam sentados e de olhos ao altar, escutando as palavras milenares, ela parecia escutar também outras coisas, como se tivessem vozes a lhe atormentar.
O Bispo, falava sobre os santos. Aqueles que mesmo sem a igreja reconhecer, teria seu reconhecimento aos pés de Deus, disse que todos nós, teremos ou já tivemos, a sorte de conhecer um.
Claro, meus ouvidos eram bombardeados de grande compaixão e esperança, mas aquela moça me incomodava, ela parecia perdida, eu tive medo, não dela, mas que não houvesse um santo ali para ajuda-la, não houve.
Nós contemplamos ali, no templo, o invisível, quando falamos do Senhor , é comum afirmar, que não vemos e não ouvimos, mas sentimos. Aquela mulher que via e ouvia o intangível e bem ali, na minha frente estava, ali solitaria, mais sozinha que qualquer um, com sua mente confusa, eu percebi ela que era invisível, não Deus.
Sem querer, aquela moradora de rua me mostrou quão fácil é não ver, ou ignorar as coisas, ironicamente ela era a chance de provarmos o amor de Deus.