O FIM DA PICADA
O FIM DA PICADA
05nov22
Parecia um pernilongo que quase que invisívelmente fazia seus ataques sonoros e por vezes sugando o sangue. No começo era só um depois se multiplicou deixando a todos irritados. Os vizinhos começaram a se culpar dizendo que aquilo era por causa do lixo de fulano, do cachorro de beltrano, ou dos pássaros de cicrano. Nos grupos de Whatsapp se viam das mais sórdidas proposições até solicitações de rezas, promessa e novenas para que a zoonose agisse. O prefeito e todo secretariado, o governador e até a polícia eram acusados pela sua inépcia. Houveram bloqueios das mídias, pois o volume e a forma agressiva das postagens estavam provocando o caos social. Padres, pais de santos, tarologos e até ufólogos se faziam presentes trazendo rezas, previsões e teorias extraterrestres para o fato. O povo na rua pedia a intervenção federal pela omissão do executivo municipal. Nações amigas ou não publicam notícias sobre os pernilongos brasileiros que tanto incômodo causavam, dizendo em longas entrevistas que a presença dos pernilongos era devido ao desmatamento da floresta amazônica o que fazia com que os insetos deixassem o seu hábitat natural e invadisse a cidade. O movimento popular crescia, as portas dos quartéis estavam com imensas aglomerações que pediam intervenção. Soldados, cabos, sargentos, tenentes, capitães, majores e generais usavam megafones e as mídias para aleardearem as suas vaidades. Mas foi um capitão que no meio do silêncio de um lado e do zumbido dos pernilongos sugadores do outro, mandou seu pequeno batalhão, formado por um cabo e dois soldados, percorrerem as casas tomadas pelos insetos e lá aplicarem um potente inseticida que exterminou definitivamente com a praga e toda a bagunça que causaram no ordenamento natural.
Geraldo Cerqueira