OS HOMENS DE COTURNO
Naquele tempo em que a gente saía da segunda sessão do cinema e, abraçadinho com a namorada (que cheirava à Unforgetable da Avon) pisando os paralelepípedos da Quinze,tomava o rumo do clube Polonês para se esbaldar nos saraus de domingo.
Naquele tempo em que não se falava em esquerda ou direita, ninguém sabia que lula existia e o País era conduzido pelos homens de coturno.
A gente era tão feliz e não se dava conta disso.
Enquanto os passos cerziam as ruas da pacata e poética Irati dos anos 70, resquícios sonoros de uma.canção na portaria do cinema andavam pelo ar.
Madrugadas entravam e a nossa turminha de amigos retornava a pé (nenhum possuía carro na época) e não éramos importunados, pois a bandidagem sabia o que lhes era reservado se ousassem alguma façanha.
Repressão havia apenas para aqueles que andassem fora da linha.
Vagabundo e fora da lei tinha o tratamento merecido.Bem diferente dos tempos atuais em que virou moda fazer um " L ".
De preferência para alguma câmera de TV.