Rebecca

Quantos desejos não nascem em nossa alma?

Quantos planos nossa mente não cria? Consiente e por vezes, inconscientemente.

Quantos sonhos não habitam em nosso coração?

Muito me questionava se seria capaz de um dia realizar ao menos um deles.

Quando pirralha sonhava com o tão sonhado príncipe encantado, daqueles contos ilusorios, de reinos e finais felizes.

Sonhava que voava como passarinho nas nuvens de algodão, que mergulhava nos riachos com uma bela calda de sereia com meu amiguinho boto rosa.

Sonhos tão fortes que chegava a crer que realmente aconteciam...

Quando mais crescida a área da saúde era o meu mais novo e forte sonho. Ja não almejava um príncipe e belo vestidos mas sim um jaleco branquinho. Na epoca meus pais mal acreditavam que eu seria alguém na vida e incentivo?? Não, não havia.

Crianças nascem tão inocentes né? São as pessoas que passam por nossa vida que contamina essa pureza.

- É florzinha, as tardes invernais sempre me deixam pensativa... Venha cá! Esses dias não permiti que subisse em minha cama pois estavas a soltar muitos pelos mas pode vir. -

-Tu és muito manhosa em. Olha isso, que gatinha sem vergonha!! Vai encher meu travesseiro de pelos, já vi que logo mais vou danar a espirrar.-

Os cabelos curtos de minha mãe eram tão lindos: Lisos como macarrão escorrido (tão lisos que mal conseguia mantê-los presos) e macios como pelos de ovelha. Eles cresciam ligeiros e ela cortava-os mensalmente, na altura dos ombros, o que realçava cada traço de seu rosto, gostava assim.

Dizia ao finalizar as tesouradas "AGORA SIM!!!" e sorria para mim, com sorriso de satisfação.

Lembranças que nem o tempo pode apagar, transcendem o que é palpável, faz parte de minha essência.

- Moletom roxo, touca roxa, meia roxa...

Caramba Rebecca, tu ta parecendo uma berinjela!! - digo piadista enquanto organizo coisas na penteadeira.

- O que foi?? Não me olha assim Florzinha, você sabe que não gosto de ver meu quarto bagunçado, ja basta teus pelos espalhados por todo canto. - falo como se ela fosse me entender e a gata deita na cama.

-17:11 ainda?? Quase me esqueci que é domingo, normalmente são os dias mais rápidos...bem, bom que da pra aproveitar o últimos dia de folga, amanhã volta tudo outra vez. - penso antes de ir até a porta do quarto

-Venha sua gatinha folgada, não vai ficar sozinha aí não, você é um "perigo". - chamo-a rindo, ela obedece e eu fecho a porta.

27 anos, um frio desse e eu assistindo chaves, tomando sorvete...ta certo, é como chavinho disse " A juventude nunca morrerá!". Por mais que cresçamos, a criança que um dia fomos permanece viva dentro de nós.

-21:20 quando nós nos ocupamos as horas passam mais rápidas. Digo, nem sempre, quando estou de plantão no hospital parecem ser mais lentas que uma lesma. - entro no banheiro, tomo um banho, visto-me, escrevo um bilhete e deixo na cabeçeira da cama.

-Agora sim!! Florzinha em pense em dormir encima de mim em, boa noite. - despeço entre bocejos e logo adormeço.

"Olhe o caminho que ja trilhou

Olhe em volta, veja tudo que já passou e superou, olhe onde chegou e o que conquistou.

Agora lembre-se de ser grata sempre e de jamais deixar que morra a esperança em tia alma.

Só coloque as mãos onde alcança mas saiba também que os limites só existem de você os deixar existir.

Tu és capaz de conseguir tudo aquilo que realmente deseja.

FOCO, FÉ, FORÇA E ATITUDE!

Essa é a receita."