Fora de contexto
É só mudar a visão sobre uma coisa para que ela mude. Ou para que o observador mude. Nada, na verdade tudo, é contínuo e/ou imutável. Eu, navegante de cabotagem, bem o sei.
Hoje meu inimigo é o Tempo. Invenção humana feita para mensurar e padronizar o cotidiano. Não vou entrar no mérito científico. Deixo para os físicos. Permaneço na linguagem. Simples, coloquial e às vezes até hermética. Porém sem falsa modéstia.
Minhas personagens seguem dormindo no mundo das ideias. Há dias que não penso numa aventura que valha a pena colocar no papel para que Hank, Lee e seus coadjuvantes se desencontrem. Incorporar algo místico? Nunca sai de moda e a ficção aceita qualquer coisa. Realismo fantástico, um conto moderno e antropofágico, terror, drama, um grande romance... São tantos os rótulos e mesmo assim é difícil adaptá-los a qualquer um deles.
Poesia não, lugar de poesia é na calçada. Jogá-los-ei num futuro distópico, poluído ao estilo de Ignácio Loyola de Brandão em "Não verás país nenhum." Não é muito difícil, é só ler os jornais que minhas piores histórias parecem canções de ninar.
Hank em sua metalinguagem habitual, pede um pouco mais de romance no próximo encontro com Lee, mas não muito, por que senão ela desconfia.
Ela por outro lado, resolveu fazer um mochilão ao redor do mundo com uma amiga. Ainda estão no segundo dia de viagem na ferrovia transiberiana (partiram de Vladvostok). Hank que lute e procure o que fazer. É bom ele ter um tempo sem distrações, quem sabe volte a estudar teoria de voo...
Já estou divagando. Fazer o que, é apenas outra forma de escapismo tão válida quanto qualquer outra.