Por falar em virtudes e desvirtudes
Se eu penso eu existo, condiciona a máxima cartesiana. O pensar pode levar à reflexão e resultar na dúvida, por exemplos, sobre: paradigmas; padrões; e códigos, onde certamente enquadrar-se-á virtudes e desvirtudes... Se eu duvido eu existo...
O ato de refletir, entendo, como a ação de concentrar-se, com o melhor, o superior o mais desenvolvido do mental de cada indivíduo, sobre o próprio homem, ou si próprio, suas representações, ideias, emoções, sentimentos e ações.
Ao refletir sobre como estabelecer esses parâmetros balizadores mais gerais, universais, concluí, de forma ansiosa, apressada, até certo ponto simplista, que esses parâmetros deveriam estar sempre subordinados a valores fundamentais: vida, preservação e evolução da natureza (dos universos) e seus reinos. Numa visão espiritualista, subordinados à realização da Obra do Eterno.
Assim, surgiu-me o exercício da prática dessa ansiosa, apressada e um tanto quanto simplista conclusão, portanto de racionalidade contaminada, com a reflexão sobre a padronização da deserção como desvirtude. Padronização que se entende formulada em termos não subordinados a valores fundamentais: vida, preservação e evolução da natureza (dos universos) e seus reinos (os até hoje conhecidos - mineral, vegetal, animal e hominal).
Então, a deserção, hoje absolutamente considerada desvirtude, ao longo dessa mesmice histórica de guerras para destruir impérios e substituí-los por outros, passaria a ser construída nos lares, nas escolas (inclusive as carnavalescas), nas igrejas, templos, clubes ... como virtude sempre que a nação que fizesse a convocação à guerra fosse a agressora.
Dentro deste outro código, nos lares: mães e avós, no tom de seu amor incondicional, e pais, no tom do amor condicional, transmitiriam a seus filhos; nas escolas: mestres, professores e pedagogos transmitiriam a seus alunos; nas igrejas e templos: sacerdotes, pastores, mestres e monges transmitiriam aos seus discípulos, ou fiéis; nas escolas de samba: presidentes carnavalescos, compositores de sambas-enredo, mestres de bateria, puxadores, passistas, ritmistas, transmitiriam aos componentes das escolas mirins; nos clubes: presidentes, treinadores, preparadores físicos transmitiriam a seus atletas em formação das categorias de base dos mais diversos esportes: “a deserção é: virtude nos casos de a iniciativa das agressões partirem dos dirigentes de sua nação e desvirtude nos casos de sua nação sofrer as primeiras agressões”.
Os filósofos, mestres, educadores, legisladores e outros quando da construção desses códigos, paradigmas, padrões, deveriam sempre levar em conta a relação de subordinação aos valores fundamentais: vida, preservação e evolução da natureza (dos universos) e seus reinos (os até hoje conhecidos - mineral, vegetal, animal e hominal).
Assim, dentro dessa relação de subordinação do estabelecimento da deserção, ora como desvirtude e ora como virtude, seria comum e mais do que politicamente correto, o ensinamento às crianças e jovens: “DESERTEM DAS GUERRAS ALIEM-SE À PAZ, AO AMOR E À SABEDORIA”.
Nenhuma surpresa se, crianças e jovens, educados verdadeiramente sob princípios como esse, quando chegassem a postos de comando das forças armadas dum estado, recebessem ordens de seu Chefe de Estado para agredirem outra nação, ou ainda, por meio dessa mesma força bélica, para “fechar” os poderes instituídos democraticamente, recebessem como resposta a surdez da indiferença, representando um RETUMBANTE NÃO.