Crônica de uma terça-feira (idade)
É, bem, voltei. O meu computador me abandonou semana passada e fiquei sem como escrever. A vida do assalariado é difícil.
Bem, anda difícil a vida do brasileiro de modo geral, porque os dias têm sidos insanos, confusos e caóticos e até domingo, dia 30, ainda teremos mais coisas absurdas.
Mas vamos deixar isso um pouco de lado, caro leitor. Eu queria escrever hoje sobre idade. Envelhecimento, na verdade. Há poucas mais de duas semanas e meia por aí eu devo apagar as velhinhas e ficar cada vez mais perto dos trinta anos – não me pergunte como eu já cheguei a essa idade e muito menos se eu gosto de quem sou hoje, é complicação demais. E nessa epifania que só a idade nos traz, em uma conversa com uma colega de trabalho, na semana passada, em que comentávamos que a idade pesa muito para nós, mulheres. Eu afirmei que os trinta anos é a melhor idade da mulher, que está mais madura, mais confiante, mais bonita. Minha interlocutora discordou, porque acha que a juventude que os vinte anos e poucos trazem é o que importa. (É muito bobinha).
E me deixou pensativa com relação as idades. Parece haver um brilho em certas idades mais que outras. Por exemplo, os quinze anos marcam o fim da infância, os dezoitos é a porta de entrada para a vida adulta, enquanto os trinta costumam ser o auge, já os quarenta é a metade da vida, o ápice da sabedoria e maturidade: é o momento de refletir se as decisões feitas na juventude lograram êxito ou é hora de mudar a rota. Mas, há aqueles que preferem esticar a cordinha e dizer que os cinquenta anos são a metade da vida (na escala otimista de viver de um a cem).
Então, eu estou chegando aos trinta anos. E ainda bem, sabe? Os vinte e poucos anos já esgotaram a minha parca paciência. Sério, eu não aguento mais ser esse poço de insegurança, dúvidas e arrependimentos, por escolhas que fiz no limite, sem saber ao certo se eram as melhores, porque a juventude tem a sua dose de estupidez. E é justamente nessa idade que definimos, muitas vezes, nossa vida inteira. Como eu posso saber que caminho escolher, sem saber se o meu futuro vai dar em algo? É exaustivo existir quando se tem vinte e poucos anos.
Os quase vinte e sete anos são marcantes também, mesmo que me sinta mais velha que minha idade e que essa idade cause rebuliços juvenis. Como eu, tão jovem no corpo, posso ser tão velha na cabeça? Eu sinto como se carregasse um mundo nas minhas costas que doem. É como se houvesse um curto-circuito entre a jovialidade do meu corpo e a decadência da vontade. Há uma exaltação a juventude a qualquer preço, mas eu fico com a rabugice da maturidade. Óbvio que estou me forçando a achar equilíbrio entre o mais e o menos, entre o novo e o antigo. É hora de equalizar e extrair dessa passagem de tempo algo positivo.
É, caro leitor, a idade chega para todos. Só espero fazer as escolhas certas.