BOB JEFF

 

 

A atitude de Roberto Jefferson (meu conterrâneo) ontem foi inadimissível. Parece ser algo que alguém que não tem absolutamente nada a perder faria. Ou então alguém que enlouqueceu de vez. Isso é incontestável. Lamento pelos policiais feridos que apenas cumpriam ordens - mesmo que absurdas - e também pelo cinegrafista ferido, também meu conterrâneo e que tive o prazer de conhecer pessoalmente e sei que é uma pessoa de bem, ao ser agredido por alguém que estava nas ruas.

 

É claro que ninguém pode referir-se a uma mulher da forma como Roberto Jefferson se referiu à Ministra Carmen Lúcia, por mais errada que ela esteja. Posso pensar o que eu quiser dela, desde que eu não o diga em voz alta, pois se não temos liberdade de expressão, ainda temos a liberdade de pensar livremente. Mas ir às redes sociais dizer asneiras não vai consertar a situação em que estamos. Pelo contrário, só tende a piorar ainda mais.

 

Mas como vivemos em um país de contrastes e justiça parcial, é bem normal ir às redes sociais para chamar de puta uma criança de 11 anos que é filha do Presidente da República. Isso pode. Isso é perfeitamente legal, e é liberdade de expressão.

 

Também é perfeitamente legal e sensato associar as atitudes de um homem que, com toda certeza, está com problemas mentais (ou não tem nada a perder), ao Presidente da República, como se ele estivesse recebendo ordens dele para agir como agiu. Não se pode controlar as atitudes dos outros. De repente, um amigo meu pode cometer um crime, e isso não significa que a culpa seja minha. 

 

Estive pensando no que aconteceu ontem. A atitude de Roberto Jefferson foi horrível, mas Bolsonaro nada tem a ver com isso, e já repudiou tal ato.

 

Estamos vivendo momentos críticos no país, e só temos mais alguns dias para decidirmos de que lado ficaremos. Eu já sei: ficarei do lado de quem defende a liberdade de expressão, mesmo que eu fale mal dele. Ficarei do lado de alguém que não pediu a prisão da jornalista que chamou de puta a sua filha pequena, mesmo que ele a processe. Eu vou ficar do lado de quem pode me salvar de ver esse país maravilhoso transformado em uma Venezuela. Ele não é perfeito, está bem longe de ser, mas é o que temos.

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 24/10/2022
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