AS MÃES NÃO DEVERIAM MORRER

É muito difícil descobrir o significado da palavra mãe. De acordo com o dicionário Michaelis, mãe é a mulher ou fêmea animal que teve um ou mais filhos; mulher que dispensa cuidados maternais; ou ainda: causa ou origem de alguma coisa. A grandeza de ser mãe torna-se insignificante diante de definições tão chinfrins.

Algumas pessoas definem mãe como uma mulher que padece no paraíso, ou aquela que anda sempre com o avental sujo de ovo, despenteada, ofegante, atarefada e com uma criança suja presa à barra da sua saia. Este, na minha opinião, é o pior e mais ofensivo retrato que pode se fazer de uma mãe.

Os tempos mudaram e as mães de hoje são mulheres que estudam, trabalham; são independentes e, portanto, têm suas próprias contas bancárias e seus próprios cartões de crédito. As mães de hoje falam de política, economia, astronomia, bolsa de valores e aquecimento global. São atualizadas e vivem em sintonia com tudo o que acontece ao redor do mundo.

Elas dirigem, não apenas as finanças de suas casas, mas também empresas, além de seus próprios automóveis; pilotam motocicletas, aviões e participam de viagens espaciais. A mãe de hoje em nada combina com a figura da mulher de avental, que só sabia cozinhar e fazer bolo de chocolate para o marido e os filhos.

As mães de hoje passeiam no Shopping com os filhos adolescentes, arrancam suspiros e olhares de admiração; são paqueradas e adoram dançar nas baladas.

Mas se alguém pensa que é fácil a vida de uma mãe, está redondamente enganado. Ela precisa enfrentar a competição imposta pelo mercado de trabalho, levar os filhos para a escola, fazer compras no supermercado e chegar em casa sorrindo e de alto astral.

A única coisa que não muda nas mães de qualquer época, é o amor e o cuidado que elas dispensam aos seus filhos, não importando a idade deles. Somente uma mãe é capaz de chorar e sofrer vendo o sofrimento de um filho. Somente elas entendem os defeitos de suas “crianças” e encontram argumentos capazes de justificá-los. Um bandido, por mais cruel e perigoso que seja, tem sempre uma mãe para chorar diante do seu túmulo.

Que atire a primeira pedra, o marmanjo que não adora receber um denguinho da mamãe. A comidinha feita por uma mãe é inigualável. Especialmente aquela feita quando o filhinho chega em casa numa tremenda ressaca. Também não existe remédio melhor do carinho de mãe para curar qualquer tipo de doença. É incrível a sabedoria das mães. Elas sabem tudo, conhecem, consertam tudo. É bom demais ter mãe!

O poeta Carlos Drummond escreveu uma bela poesia, onde diz que as mães não deveriam morrer jamais, no que eu concordo plenamente: “Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra, mistério profundo, de tira-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho”.