Preso na própria casa - cena de um mundo distópico
- Você tem de se trancar na sua casa, e dela não sair até não sabemos quando.
- Não poderei trabalhar?
- Não.
- Mas é do trabalho que tiro o sustento da minha família e o meu. Não tenho um tostão em casa. Na geladeira há apenas um litro de leite e na dispensa um quilo de arroz e um pote com meio quilo de feijão, e quatro, cinco pães... E só.
- Não saia da sua casa. Se sair, morrerão doentes você, sua esposa e seus filhos.
- Se eu não sair, para trabalhar, ganhar o meu sustento para comprar comida morreremos de fome meus filhos, minha mulher e eu.
- Não saia da sua casa.
- Você me dá uns trocados para o leite das crianças?!
- Não saia da sua casa, até segunda ordem.
- Você me impede de trabalhar para o sustento da minha família e o meu e não me oferece ajuda, e se considera um benfeitor da humanidade?!
- Não saia da sua casa.
- Mas não tenho...
- Não saia da sua casa.
- Mas...
- Não saia da sua casa.