Buscando o desperdício para sobreviver

Sem luva apalpa a popa mole recheada de insetos voadores, que esconde as manchas escuras repletas de colônias de fungos e bactérias decompondo as partes consideradas “boas”, que foi descartada possivelmente no primeiro despejo da coleta feita pelo caminhão de lixo municipal.

Entre tantos pretendentes a “sorte” apontou a seta indicando sendo seu dia ímpar, nem sempre ocorre assim. Hoje és o primeiro, ainda não o alaranjado se fez presente no céu escuro da madrugada, vento cortante vindo do sul tem seu acoite parcialmente bloqueado pela camisa de manga longa achada ontem no aterro número dois, mesmo manchadas e com rasgos nas costa atende a demanda de dificultar a passagem da corrente fria que se deixar espalha pelo corpo todo. Tem um chinelo de cada cor, a marca insignificante protege a sola do pé, mesmo sendo grande com o malabarismo que vida de rua forçosamente o ensinou faz uso deste sem precisar de sacrificar mais que o necessário para sobre viver.

Já tendo driblado a fome, escorrega os dedos encostando os lábios na vitrina da padaria central, busca sem saber memorizar e focalizar a deliciosa guloseima que o filho agarrado nas pernas do pai aponta mostrando o escolhido pela segunda fez já que sua mãe o espera sentada na mesa ao lado.

Sente um toque nada amigável nos ombros, de modo nada cortes é convidado a se retirar, olha ressabiado e vai para outro lado da rua, senta na sarjeta com os olhos lacrimejando vê seu amigo oculto sair dando tchau, entra no caro branco importado virando a esquina sumiu.

Levanta olha para céu, faz um pedido inocente tomará que seja verdade que diz o candidato a vida minha vai melhorar depois da eleição.

Jova
Enviado por Jova em 19/10/2022
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