LÁGRIMAS PELA SEGUNDONA
LÁGRIMAS PELA SEGUNDONA
A nação corinthiana no último domingo fez lembrar-me daquela música inspirada em uma cidade interiorana do Estado de São Paulo, “O rio de Piracicaba/Vai derramar água pra fora/ Quando chegar a água/ Dos olhos de alguém que chora...”. O torcedor corinthiano mais sensível deixou-se levar pela dor da perda do seu lugar de destaque no mundo do futebol, regredindo para uma divisão secundária e sobretudo ante o vexame de afastar-se por algum tempo da elite do futebol Nacional, tendo de sair do trono estabelecido pelos veículos de comunicação que de forma acintosa privilegiava o time corinthiano nas transmissões esportivas.
Na verdade, a caída do corinthians se traduz apenas num retrospecto do que já vinha acontecendo com outros times de renome do futebol brasileiro, como Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Portuguesa, São Caetano etc. Essa queda é só o reflexo de más administrações e de desmandos que imperam nas ações do “Cartolas” do futebol, que nem sempre visam alcançar um bom rendimento para o time, porque procuram satisfazer em primeiro lugar os seus interesses pessoais sem importar se determinada posição adotada como meta, produzirá efeitos positivos no futuro.
Aquela questão da parceria com a MSI, tão divulgada na época e que rendeu inúmeras discussões dentro do clube,já anunciava um futuro pouco promissor para o Corinthians, considerando que a empresa em questão não esboçava uma origem muito clara, quanTo ao seu tipo de negócio no exterior. Essa queda de braço foi vencida pelo presidente da época, que então passou a gerir os recursos dentro de uma filosofia exclusivamente pessoal envolvendo interesses de parentes etc. Enfim, tudo isso está em apuração e ainda não pode ser avaliada com uma conduta desonesta, mas o que chama atenção é a fumaça que se instalou no Parque São Jorge e como as ações contundentes não se instalaram como forma de dissipá-la ela continuou viva e a sua silhueta continuava a arder nas narinas do torcedor, acabando também por cegá-lo, fazendo-o acordar só agora neste momento quando a realidade foi cruel e colocou o time num rebaixamento jamais imaginado por seu torcedor.
Sou apenas um observador e não um torcedor do time, pois sou santista e hoje posso dizer que não tenho o mesmo problema, mas não me sinto feliz e nem posso vangloriar-me com a tristeza dos corinthianos, até porque tenho amigos que são torcedores desse time, além do que não tenho o hábito de servir-me da desgraça alheia para contar vantagens. Pelo contrário, quero solidarizar-me com essa massa torcedora de expressivo significado no cenário do futebol brasileiro, desejando que a cúpula diretiva do Corinthians possa rever seus posicionamentos do passado e com isso chegue a uma conclusão que seja mais próspera para o Clube.
Ao mesmo tempo, quero enfatizar para o torcedor que não se deixe envolver pelo passionalismo, eis que essa emoção forte e que muitas vezes se aloja no seu peito pode fazer-lhe muito mal tanto no aspecto psicológico como fisiológico e até no campo das relações sociais, posto que a paixão abrupta e inconseqüente inibe a sensatez, podendo evoluir para a discórdias irracionais que podem virar tragédia.
Muita calma nessa hora. Disputar uma segunda divisão não faz mal a ninguém. Aliás, eu moro no Estado de Mato Grosso do Sul e aqui o meu time favorito o “Operário Futebol Clube” sequer disputa a terceira divisão. Eu me conforto com o simples fato de saber que posso torcer para time de um outro Estado, mas nem por isso, deixo de lamentar por não ver de perto um futebol mais profissional e que me possa oferecer as maravilhas de um bom brible ou de uma boa jogada.
Neste caso específico do corinthiano penso que o seu conforto pode se instalar numa realidade que será evidenciada na sua disputa da segunda divisão, pois sem nenhuma dúvida o Corinthians será a estrela do certame. Os estádios que hoje estão acumulando traças e teias de aranhas terão de se renovar para poder receber o alvi-negro do Parque São Jorge.