O QUE É, QUEM É E PARA O QUE É WRAMOSS ?
Creio que todos já sabem que só tenho meia dúzia de leitores. Pois bem, para minha surpresa acabo de receber um amável email em que uma gentil , paciente e tolerante leitora, que preferiu usar o pseudônimo de SÁTIRA (é sátira mesmo, com acento no primeiro “a”) me encaminhou com a pergunta que serve de título para este texto.
Achei tão interessante, original e curioso , que tomo a liberdade de aproveitar para tentar responder através de uma crônica. Bem, inicialmente , WRAMOSS é um personagem , não existe da forma como amigos, leitores e inimigos possam imaginar.
Eu o autor, sou completamente diferente de quem assina os meus textos. Não sei se vocês me entendem, mas ao mesmo tempo sou duas personalidades diferentes, como o Dr. Jeckil e o Mr. Hyde (de o médico e o monstro).
As diferenças são notórias, a começar pelo humor. Sou uma pessoa séria e um pouco tímida, podem acreditar. O WRAMOSS, não. Ele consegue ver sempre o lado engraçado de tudo, é meio trapalhão, faz graça e brinca com a naturalidade de uma criança grande.
Eu não. Meu sorriso é raro, sou metódico, exigente, um pouco radical (não acredito em mais-ou-menos) e penso que seja (podem confessar, que não ficarei magoado), um pouco chato. O WRAMOSS passa a sensação de que não leva nada a sério, que sempre está tudo bem, que é capaz de enxergar um raiozinho de sol mesmo com a pior das tempestades.
Eu não. Na primeira ameaça, nos primeiros pingos, já pego meu guarda chuva, o que não quer dizer com isso que eu seja pessimista ou negativo.
O WRAMOSS conseguiu deixar os amigos (e principalmente os inimigos) na dúvida se comeria ou não quiabo e arroz doce .
Eu não. Jamais comeria nenhum dos dois. Vocês já perceberam que o WRAMOSS tem sempre uma saída prá tudo, mesmo nas mais complicadas situações ?
Eu não. Em várias situações a timidez me venceu, embora isso não signifique que também não tenha enfrentado e vencido vários obstáculos , alguns até bem difíceis.
Não posso negar que o WRAMOSS tenha um certo charme. Eu não. Sou desses que passa completamente desapercebido em qualquer lugar, até em velório. O WRAMOSS foi criado para que eu pudesse me esconder atrás dele. É como se eu dissesse o que vejo, sinto e penso através de outra pessoa, de um personagem.
O segundo “s” no final do pseudônimo pode significar várias coisas, como por exemplo : sorte, sucesso, saúde, sorriso...Já sexy não, seria muita pretensão. Pode até ter um pouco de sisudo e em determinados momentos, de suave. Mas, na verdade, pode ser que o segundo ”s” tenha sido falha de digitação.
O WRAMOSS pode ter a aparência que o amigo leitor imaginar. Eu não. Não sou alto nem baixo, tenho cabelos grisalhos (prateados, segundo minha neta querida), não tenho olhos azuis ou verdes, não sou o tipo fortão e não tenho dinheiro, mas saúde tenho muita.
O WRAMOSS fala algumas gírias e no seu modo de falar simplifica tudo, criando uma relativa intimidade com o leitor.
Eu não. Por usar óculos e ter certo cuidado e apuro com as palavras e manter , depois de tanto tempo radicado em outra cidade, o velho sotaque mineiro, sou as vezes confundido com um pretenso intelectual.
O WRAMOSS passa uma imagem não exatamente de relaxado mas eu diria que um pouco desligado, do tipo que não se preocupa muito e nem dá importância se está ou não agradando.
Eu não. Não sou uma pessoa vaidosa (para os padrões normais, até sou muito simples) mas tenho um certo cuidado com a aparência, do tipo, jamais esquecer da loção pós-barba e um perfumezinho discreto em ocasiões especiais. Também não combino camisa amarela com calça verde e meias brancas e nem uso sapatos pretos com cinto marrom.
O WRAMOSS tem uma voz bonita, suave e firme. Eu não. Meu tom de voz é baixo, falo pausadamente e jamais canto em público. (para falar a verdade, nem no banheiro eu canto).
O WRAMOSS é aquele que todo mundo queria ter como amigo. Eu não. Sou apenas o amigo que pouca gente sabe que tem.
O WRAMOSS sabe contar piadas e rir daquelas que são contadas e que, aqui prá nós, algumas são ridículas . Eu não. Só consigo achar engraçado o que realmente é engraçado. Não sei se vocês se lembram, mas quem me fez rir muito, mas muito mesmo, foram o Gordo e o Magro. Lembram-se ?
O WRAMOSS é romântico, do tipo que se tentar, consegue fazer poesias. Eu não. Sou meio seco e sem-graça prá isso . A única coisa que sei fazer é mandar flores, mesmo assim por que o florista me ajuda.
O WRAMOSS passa a sensação de ser exímio dançarino. Eu não. Sou um verdadeiro desastre nesse particular (minha mulher, aliás, todas as mulheres reclamam desse detalhe, como se todo bom marido tivesse que ser um dançarino perfeito).
N ão tenho certeza se gostaria de ser como o WRAMOSS assim como considero muito difícil que ele queira ser igual a mim. Somos completamente diferentes, como já disse, e até que conseguimos conviver bem. Um procura não invadir o espaço e a intimidade do outro.
Querida amiga Sátira, creio que você entendeu meus esclarecimentos e agora sabe (espero eu) quem é um e quem é o outro. Suas perguntas me fizeram refletir profundamente.
Será que todos nós não somos duas ou mais pessoas ao mesmo tempo ? Porque será que a vida nos impõe e condiciona que em cada situação, com ou sem emoção, ao lado de amigos e inimigos, tenhamos que ter atitudes e comportamentos diferentes ? Creio, cara amiga, que a resposta é simples, como tudo é simples na vida : é que na maioria das vezes é melhor, mais cômodo, mais prático, mais bonito e menos doloroso agradar, estimular, incentivar e aceitar do que magoar, ferir e decepcionar.
Um abraço ...
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(.....imagem google.....)