UM SONHO ALUCINANTE

UM SONHO ALUCINANTE

Continuo surpreso com o que sucede nos sonhos, nos meus, pelo menos... é difícil se crer que sejam imagens criadas somente em algum canto do cérebro, principalmente se nada daquilo foi efetivamente visto por nós em algum momento da Vida. Japoneses têm minha admiração desde minha infância, nos anos 60, no Paraná. Viajando de ônibus, após as férias escolares de junho e dezembro -- de volta ao colégio distante horas da casa dos tios -- eu os admirava nos trabalhos no campo, arrastando pesado arado "de caixote" sem cavalo ou boi, o marido na frente e a pequena esposa atrás, corrigindo o traçado das lâminas. Quiz o Destino que em nossa vivência no Pará, 3 décadas depois das imagens descritas acima, nos deparássemos com outra família de "japoneses", estes nascidos no Brasil mas que são vistos e tratados como "estrangeiros". Melhor para êles, penso, o brasileiro nato, eu inclusive -- vindo de indígenas, de escravos e invasores portugueses, franceses e espanhóis -- não vale grande coisa, mais afeito a golpes e trambiques do que ao trabalho duro.

Quando conhecemos a família NODA, êles já tinham a loja de videgames ("CYBERS", na época), salão grande com várias máquinas Playstation e mais de 200 "fitas" (CDs) de jogos, que o pai do jovem Armando Noda e sua irmã Elza só ampliou. Num dia triste para todos, "seu" Noda saiu de casa e não mais voltou... a loja fechou em pouco tempo e a maior parte do acervo está conosco, sem uso nenhum por nós que nem luz elétrica temos, desde agosto de 2017.

"Seu" NODA "voltou" hoje... EM SONHOS ! Não êle exatamente, mas sua casa de dois andares, usando o terreno todo de 20 x 10 metros de frente. Não a casa real "de altos e baixos" -- como dizem no Pará -- mas uma com apenas a frente dela e, no andar de cima, um grande salão de uns 50 metros, com vários "joguinhos" estranhos, muito antigos ao que parece, usando "pedras" de madeira aos estilo dos Bingos, só que bem maiores. Havia também "livrões" de capa em madeira e com "folhas" de tecido desenhadas. De onde surgem tais figuras ?! Que parte do cérebro cria coisas tão engenhosas, curiosas ? O que eu via era um grande "cassino" nipônico, talvez chinês, dos séculos 12 e 13, por aí... será que nossa alma "visita" um Passado cujas imagens reais ficaram gravadas em algum canto do Tempo, do Universo ?!

Não imagino como meu cérebro possa ter "criado do Nada" joguinhos tão engenhosos, um monte deles, dispostos em várias mesas. Me acompanhava "na visita" uma jovem pequena, que seria sobrinha de "seu Noda" e que falava do pai como um "assassino de coelhos, filhotes ainda". Não perguntem o que não sei responder, são coisas do sonho !

Sinto falta do "seu Noda", nos dava objetos muito valiosos por "servicinhos à toa" e a gente gastava um bocado de dinheiro em sua loja "batendo recordes" de corridas de carro, as de Rally eram as melhores, as de F1 nunca nos agradaram. Restaram 3 ou 4 "fitas" do GRAN TURISMO, diversão garantida para a família inteira, aconselho a todos, principalmente os CDs 2 e 3, pois os mais modernos têm exigências idiotas que nata têm a ver com corridas e disputa.

Mas, voltemos ao "seu Noda"... a esposa foi pro Japão, até onde sei e os filhos (e netos ?) estão por aí ! Pois bem, não fazem nem duas semanas que eu teria visto o homem baixinho, sério como padre no confessionário... "japonês é tudo igual", diria você, leito ! Que seja mas, se estiver vivo, ainda está aqui no bairro, em algum lugar dele, a sacola de compras indicava isso. Será que seus filhos o aceitariam "de volta" ?! Duvido muito... "japonês" -- nisseis ou sansei, pouco importa -- não é como brasileiro, "que perdoa tudo" ! (Espero estar enganado !)

"NATO" AZEVEDO (em 13/out. 2022, 4hs)