Fernando Pessoa foi minha paixão quando cursei a faculdade e continua sendo até hoje. Desde a primeira aula de Literatura Portuguesa, seus escritos falaram comigo de uma forma muito intensa. Achava maravilhoso esse poeta e seus heterônimos e queria entender as suas diferentes personalidades.
Acabei escolhendo como meu preferido Álvaro de Campos, quando analisamos seu poema “Tabacaria”. Talvez porque eu era jovem, fiquei impressionada com a solidão que ele expunha, e a incompreensão do mundo em relação ao que ele sentia; ele se analisa, se contradiz, sofre, detalha a vida de uma forma tao real que me comoveu. E como pano de fundo, a figura da tabacaria - saltava aos meus olhos, naquela fase indagativa da minha vida. Em uma das provas mensais, tivemos que comparar um poema de Camões e Fernando Pessoa. Como nunca senti nenhuma simpatia por Camões (que optou por salvar sua obra e não sua amada), fiquei tão inspirada que escrevi uma folha inteira de papel almaço.
Tenho um livro dele, volume único, em papel pergaminho, em ingles e portugues. Foi um presente da minha irmã e muitas vezes antes de dormir releio alguns poemas.
Termino com uma frase de seu heterônimo Alberto Caiero que muito gosto: “Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”