Direito de Escolha
De acordo com a Pirâmide de Maslow, as Necessidades Fisiológicas estão na base da Pirâmide e são as necessidades mais básicas de qualquer ser humano, como a fome, a sede, a respiração, a excreção, o abrigo e o sexo.
Quando nascemos essas necessidades são garantidas pelos nossos pais e pela Constituição Federal, mas desde cedo e ainda criança, mesmo antes de entender essas necessidades, já aprendemos a fazer nossas próprias escolhas, seja pelo olhar, pelo ouvir, pelo tato, pelo paladar e pelo cheiro.
Com o tempo, passamos a escolher também pelos gostos e preferências pessoais, pelo que aprendemos em casa, na escola, faculdade, influência de familiares e amigos, redes sociais, mídias e relacionamentos diversos.
A questão é que qualquer escolha que fazemos, sempre haverá uma consequência ou um resultado, que poderá ser bom ou ruim, mas qualquer que seja esse resultado, temos que responder por ele e assumir as consequências.
Veja, quem te impede de atravessar o sinal vermelho no trânsito? Muitos diriam que é a Lei de Trânsito, mas na verdade não é, porque a lei diz que temos que parar no sinal vermelho, mas a escolha de obedecer a lei, frear e parar o veículo é só nossa. Caso a decisão seja de seguir em frente, ninguém irá te impedir, mas isso poderá gerar consequências, como provocar um atropelamento ou acidente, com lesões ou morte de pessoas, danos materiais as pessoas e as instituições públicas e privadas, cometer infração de trânsito, multas, apreensão do veículo, perda da Carteira de Habilitação, prejuízos financeiros, morais, familiares, jurídicos, etc.
Quem te obriga a estudar, se preparar para a prova da escola ou faculdade? Talvez diríamos que são os nossos pais ou professores, mas eles podem até nos cobrar uma postura de maior responsabilidade e esforço, mas se não quisermos, nada nos fará mudar de ideia e talvez usaremos este tempo de preparação para assistir televisão, jogar vídeo game, passear, ir ao shopping, namorar ou simplesmente dormir. Entretanto, poderemos não ir bem na prova, a nota baixa poderá fazer falta e baixar a média ou ainda ficar em dependência, médias baixas poderão te custar uma reprovação, uma bolsa de estudos, uma entrevista de emprego, etc.
Então não é tão simples fazermos escolhas e menos ainda assumirmos as consequências, onde muitas vezes culpamos outras pessoas ou circunstâncias pelas escolhas erradas que fazemos. Por isso na hora de escolher é muito importante não levar em conta só o exercício do direito, mas também o dever da responsabilidade pela consequência e ainda, analisar todo o contexto do que ficará implicado nesta escolha que pretendemos fazer, pois ela será uma cadeia geradora de outros fatos, que poderão ser bons, ruins ou ambos.
Tem escolhas fáceis, como o prato ou a sobremesa no restaurante, mas tem escolhas que são bem difíceis, como o curso da faculdade, assumir um relacionamento sério, mudar de emprego, decidir ter um filho, financiar um carro ou uma casa, sair da casa dos pais, etc.
E tem escolhas que parecem fáceis, mas não são, como escolher alguém para te representar, com poderes de fazer escolhas por você, já imaginou? Pois é, quando estamos diante de uma eleição pública para decidir que são os nossos representantes na Assembleia Legislativa, no Senado Federal, no Governo Estadual ou na Presidência da República, de certa forma achamos o máximo exercer nosso direito de cidadania e é mesmo muito bom, podemos escolher os candidatos pela simpatia que tenho com ele ou com o partido que ele representa, para concordar com a família ou amigos, pelo discurso de ideais que concordam comigo, pela causa nobre que ele diz defender, pela ideologia política que ele defende, pela experiência de vida pública dele, por ele representar um renovo para aquilo que discordamos nos atuais, enfim, por tudo isso e muito mais, todas são opções válidas.
Entretanto, será que alisamos todo contexto dessa escolha, será que levamos em conta todo histórico de vida pública e privada daquele candidato, será que estou sendo racional ou apenas reacional, será que tudo que ele prega vem de encontro aos meus interesses ou estou simplesmente escolhendo baseado em pontos isolados, esquecendo que o iceberg é bem maior do que meus olhos veem, pois há muita coisa escondida que não vemos ou não queremos ver e nem dar ouvidos, estamos tão determinados a fazer nossa escolha, exercer nosso direito, que não nos permitimos que nada e nem ninguém nos questione.
Mas é de suma importância que na hora de escolher é preciso levar em conta seu caráter, os valores que ele defende, seus princípios morais, éticos, religiosos, sua lealdade e dos que o apoiam, quais meios ele usa para ganhar as eleições, quais partidos ou entidades ele se aliou, quais as ideologias desses partidos, quais barganhas ele promete aos seus aliados, seja no passado ou agora?
Quais escândalos de corrupção ele esteve envolvido? Quantas condenações ele sofreu? Qual a justificativa de estar livre sem ter cumprido pena? Quais as justificativas dele ter defendido no passado as invasões de propriedades privadas e produtivas? Quais as justificativas dele dizer que defende a democracia, mas porque seus aliados políticos internos e também governantes de outros países são comunistas? Quais as justificativas dele para os bilhões de reais desviados sob sua gestão no passado, em que foi condenado por delação dos próprios ministros do seu governo, onde milhões de reais foram devolvidos aos cofres públicos, demonstrando que os desvios eram reais? Qual a justificativa dele dizer que defende a família, mas defende o aborto, a liberação das drogas, o ensino prematuro da sexualidade às crianças na escola?
Mas o outro candidato também não é perfeito! Claro que não é, todos somos humanos e falhos em algum momento, especialmente quando há muita responsabilidade sob nossos ombros e dependemos de outros para realizar por nós. Porém, os erros cometidos que são sérios também, não chegam nem perto da avalanche de erros do outro e a questão que irá definir minha escolha é todo o contexto, porque este defende de fato a igreja, a família e a pátria, coisa que não ficou claro para mim nas atitudes e no governo do outro.
Mesmo que nenhum dos dois me represente totalmente, não posso correr o risco de ver o Brasil se transformar numa outra Venezuela, ver meus filhos e netos perecerem porque minhas escolhas foram erradas hoje, mas são eles que pagarão o preço amanhã.
“O presente é resultado das escolhas do passado, cabendo a nós conviver com as consequências, sejam elas boas ou más e tentar acertar mais hoje, para que o resultado seja melhor no futuro”.