Epa! Esse aí é MEU Filho!

Microcrônica

 

     Quando meu filho Caio era bebê, a mãe dele trabalhava na UTI do Hospital de Base, o principal hospital do Estado, Ela vivia me contanto das mortes que presenciava quase todos os dias, com a indiferença e distanciamento natural de quem está acostumado com tudo aquilo. Cenas que para pessoas comuns pareciam chocantes, para ela não passavam de corriqueiras. Pois bem, um belo dia nosso filho caiu da cama e abriu levemente o supercílio. Por ser região bem irrigada, sangrou um pouco. Cheguei em casa no momento seguite ao do ocorrido e levei o maior susto pelo desespero da mãe dele, que chorava copiosamente e parecia não saber o que fazer, num flagrante desespero. Após constatar a simplicidade do ferimento e me refazer do susto questionei: "Logo você que está acostumada com todo tipo de traumas, vai perder o controle logo com um ferimentozinho desses (tentando amenizar um pouco mais, ainda, o problema). Ela deu aquela travada e como se tudo estivesse parado ao seu redor, disse: "É que agora trata-se do MEU filho!"  Emudeci e jamais esqueci!

 

26/09/2011

 


Ilustração:

Fragmento de fotografia do protagonista, do acervo do autor.