AS PITANGUEIRAS
Há alguns anos, plantei sementes de pitanga no quintal. Duas pitangueiras brotaram e evoluíram, mas apenas uma delas frutificou e deu pouquíssimas pitangas. No início deste ano elas estavam bem feinhas, doentes, com as folhas todas manchadas e cheias de bichos.
Minha mãe falou: " Quando alguém vier cortar a grama, manda cortar essas pitangueiras. Estão doentes, nunca deram nada e nem vão dar."
Mas olhei para elas e fiquei com pena. Teimei. Fiz o contrário do que foi determinado. Comprei adubo, coloquei nelas e reguei bastante... No outono quase todas as folhas velhas caíram e brotaram folhas novas, verdinhas, saudáveis... e eu ainda arranquei - uma a uma - todas as folhas doentes que restaram. Em seguida, elas se cobriram de delicadas flores brancas e agora, estão repletas de pitangas que logo estarão maduras.
Isso vale uma reflexão: tudo na vida pode ser comparado à história dessas pitangueiras. Seja no amor, nas amizades, na família, no trabalho... se deixamos "pra lá" e não cuidamos nem adubamos, a tendência é que ocorra o adoecimento e nada se renove, nem frutifique. Às vezes, apenas voltando um pouco a nossa atenção e cuidando, a situação já muda completamente, permitindo que a primavera chegue e atue com força total. Noutras, pode ser preciso uma boa poda para cortar os galhos ressequidos que roubam a energia da planta e não a deixam evoluir. Mas quando o abandono é muito grande, a planta apenas agoniza e morre.