Comboio de Corda

FICO surpreso com as pessoas que leem um texto ou poema e acham que os autores viveram aquilo que narraram nos seus escritos. Ora, o autor raramente narra suas vivências, no máximo fantasia o que viveu e inventa suas narrativas e poemas. É claro que estou me referindo à ficção. Não a descrição de vida, biografia e poemas verdade.

Que fique claro que os poemas e textos de ficção não são menores porque o autor não viveu o que narrou. Pelo contrário: eles tocam as mentes e corações porque narram a condição humana. A fantasia dos autores sempre retrata a realidade, inclusive as dores do mundo e as atribulações do comboio de corda que é o coração dos poetas.

Nada como lembrar Fernando Pessoa:

“O poeta é um fingidor/ Finge tão completamente/ Que chega a fingir que é dor/ As dores que deveras sente// E os que leem o que escreve,/ Na dor lida sentem bem,/ Não as duas que ele teve,/ Mas só as que eles não têm/ e assim nas calhas da roda/ Gira, a entreter a razão, / Esse comboio de corda/ Que se chama coração”.

Vou ficando por aqui cuidando do meu comboio de corda. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 07/10/2022
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