Da maldição de Faraó à COVID-19
A Ciência é uma das duas mãos divinas - que ampara os seres vivos em prol de seu viver bem, ditoso, longevo.
Dos seres vivos, numerosas criaturas além da capacidade contábil de atender a uma solicitação do interesse da Biologia, ainda é o homem o que se destaca, como ente inteligente e pensante, pelo menos em maior volume e visibilidade, de modo a intermediar os interesses dos que estão vivendo, da mesma forma que ele.
É o delegado natural a procurar, zelar, melhorar em sentido contínuo as condições de habitabilidade, sem pressa de acelerar a desagregação molecular, desfazendo a trama da tessitura de seu organismo complexo.
Reconhecendo e deduzindo de suas atribuições, a sua conivência com objetivos contrários aos benefícios sociais globais, inegáveis são as conquistas e vitórias, ultrapassando momentos precários das sociedades humanas, graças ao empenho louvável das Ciências que se quedam a diversos temas, conseguindo os louros da boa ventura pelo tentame investido.
No raio de alcance de suas possibilidades, das Ciências, quantos mitos e lendas foram e têm sido extintos graças à revelação de mistérios sagrados!
Paradoxalmente, é à própria Ciência que lhe cabe a defesa de Deus, negando-Lhe irrefutavelmente atributos tão somente humanos, pela ousadia em se recriá-Lo à imagem e semelhança suas, humanas; Deus que pune, castiga, deserda, extermina a quem não adule, reconheça, bata palmas etc.
Graças a ela, o espírito de Faraó, definitivamente, alçou voo ao cimo dos páramos celestes, saindo da sua vilania, desonerando-se da culpa de matar meio mundo de turistas visitando-o, por na sua vez fazê-lo bactérias ativas e fungos (sobre)viventes nos sarcófagos. Quantos feiticeiros sofreram o fenômeno do desemprego por conta da (amaldiçoada!) química - desvendando as leis do universo dos elementos, da matéria dispostos na Natureza ao infinito!
No ocidente cristão, é comum em estados de calamidades, surtos de pandemias, eximirem-se das responsabilidades de atos praticados livremente, culpando-se certamente a ira, o castigo divinos pelas más procedências.
Isto enquanto ou até quando não venha o homem de ciência revelar o vilão dizimador das existências humanas, armar-se, e no gênio herdado da própria divindade, criar e divulgar fórmula para a fabricação de fármacos eficazes, para a virada do jogo!, derrotando, fazendo que se recolham, no carro da morte, os patógenos aceleradores do retorno da essência espiritual, inquilina no homem, a seu mundo original.
Ipso facto, hoje já existirem vacinas que debelam (ou minimizam o efeito do) vírus da terrível pandemia, posto que se disseminou mundo afora, com origem no continente europeu, em maior proporção no país que lhe emprestou o epíteto de gripe espanhola.
Retroagindo àquele momento, no início do século vinte, é possível supor a expectativa de se imaginar contado por mais um a cujo corpo ser miseravelmente sepultado em concorridíssimos superlotados cemitérios, inclusive no Brasil que não ficou de fora dessa contaminação pela mobilidade internacional em idas e vindas… provavelmente, a escatologia deva ter vindo à superfície como tema dos que apostavam piamente nos sinais do fim dos tempos e exterminação da humanidade terrestre em decorrência de seus pecados abundantes. A aposta nesse fim postergou-se para o ano dois mil, que já se iniciou e… continua em ritmo o fluxo de embarques e desembarques de passageiros no e do trem da existência...
E ao certo mesmo, o que se vê, em relação a gripe por vírus influenza, é o milagre da ressurreição do paciente medicado, orientado a nutrir-se bem, condicionando a reação do seu sistema imunológico, na parceria de vacina ou fármaco ao alcance perto, na esquina, a poucos metros de sua residência, onde adentre a farmácia próxima, compre-o, leve-o para casa e faça uso tópico, repousando por uns dias necessários.
Evidente, o susto, o medo em perder-se o maior bem precioso, a existência, sob ameaça do vírus Sars-Cov-2 (sem mira certeira da infectologia) que nos advenha à sorrelfa, no handicap de estar sem combate, sob perplexidade e mãos atadas da medicina, são válidos na medida que imponham aos frágeis humanos alguma reflexão, até mesmo filosófica, para questões menos superficiais, que os auxiliem no processo de autodescobrimento com renovação de propósitos que os identifiquem propensos a uma cultura de paz em sociedade solidária.
Obs.: texto gerado antes da existência das vacinas contra Covid-19