ESTRADAS DO PASSADO

      Hoje, parei no tempo, dei um breve intervalo no presente e voltei a percorrer os caminhos do passado. Andei por antigas estradas, seus atalhos; suas vielas e me encontrei com as minhas lembranças adormecidas. A ingenuidade da infância norteando os meus primeiros passos, pelas imaginárias trilhas que minha mente traçava, e eu na minha inocência explorava, e tudo era maravilhoso, místico e surpreendente ao descobrir o desconhecido.

      Achava lindo o magnífico bailado das borboletas por entre às flores dos jardins que circundavam à minha casa, me fascinavam com à coreografia mágica dos pássaros ao entardecer bordando o céu azul, quando sol declinava no horizonte, diante do meu inocente olhar. As maravilhas da natureza me encantavam e me faziam sonhar com às fantasias de um mundo que acreditava ser somente meu.

     A juventude surgiu sem que eu pudesse perceber, que já não era mais a criança de outrora. As paisagens de antigamente, aos poucos iam se transformando e vieram os sonhos da adolescência e só então descobri que os desafios do viver começavam ali, e que eu teria de enfrentá-los com sabedoria e dignidade, na verdade somente eu poderia escrever à minha história, e mais ninguém poderia editá-la, pois o único personagem de uma peça de roteiro pré-estabelecido para ser encenada no virtual teatro da vida era eu.

    Aos poucos fui experimentando as transformações biológicas do meu corpo ao comtemplar a minha imagem diante do espelho, mudanças essas, que me assustavam, pois senti que ia perdendo aquele semblante de ternura; de pureza, que pensei que era imutável. E, de repente um sentimento lindo e sublime cruzou os meus caminhos e pela primeira vez senti uma sensação estranha tomar conta de mim, que até então desconhecia e não sabia como defini-la, era algo indescritível que aos poucos foi habitando o meu ser, sem permissão ou consentimento para recebê-lo. O que realmente significava aquele êxtase comportamental que abalava toda à minha estrutura emocional? E foi no esplendor de uma madrugada contemplando o espetáculo deslumbrante das estrelas no firmamento iluminado por um luar divino, que descobri o tão misterioso sentimento, era composto por apenas quatro letrinhas, mas com um poder de transformação sobrenatural e de difícil definição, brota dos jardins encantados que somente existe em nossos corações. Poucos sabem compreender o seu significado, por isso ele às vezes machuca, mas felizes daqueles que conseguem encontrá-lo, no elenco das divindades, ele recebeu o nome de “AMOR”.

    Ao repaginar às páginas dos capítulos escritos num tempo que já passou, sinto uma saudade de tudo que vivi, dos momentos inesquecíveis, que jamais passarão, e de longe vem no ar o perfume dos vales floridos de uma época que foi linda, e marcou a minha vida com lágrimas e sorrisos e que valeu a pena vive-la.