"Esguio como uma aranha"
"Esguio como uma aranha" (De repente, 30 – Pt. 4 ou 5)
Há exatos trinta anos eu fui agredido por uns quatro ou cinco meliantes (que, pelo que eu soube, ou morreram na mão de outros bandidos, ou viraram evangélicos* ou sei lá o quê; um deles ainda vive; tem seu rosto marcado por rugas e um provável [e merecido!] câncer por conta do cigarro em demasia).
Mas eu venho por ora relatar o que ocorrera uma hora antes. Na casa de um amigo, entre uma conversa e outra, Régis, um estudante de Kong Fu e fã de Bruce Lee, me levanta pela cabeça e, com isso, me faz dizer que ele é "esguio como uma aranha". Até hoje eu queria muito escrever sobre isso. Me marcou demais, Bicho. Mas só agora eu creio ter uma explicação mais clara a essa altamente subjetiva observação acerca do Nobre Camarada: eu me referia à sua habilidade em fazer algo complexo com calma e destreza, como uma aranha que descia pela sua teia em meio a uma forte ventania. Não sei se fui claro, mas agora eu já posso me sentir mais aliviado por ter citado essa minha observação. (A propósito, ela carrega, por si só, algo de Bruce Lee. Ou não – ?)
Esguio – como uma aranha
a descer por sua teia em meia à ventania
(Cito Caetano Veloso:
"Tranquilo e Implacável como Bruce Lee,
virá o que eu vi")
E enquanto a humanidade
em seus desatinos se perdia
Os sinos das Missas Negras dobravam
As esquinas vazias de gente
Embora plenas de sentido
Qual o curso de um rio decidido
Alguns corações marcavam –
Reis – Oh, Sim! "Reis" –
Tua era o Mestre da Vez!
Esguio – como uma aranha
A tecer sua indefinível simetria
O Alef e o Ômega
Em Plena Sintonia
Esguio – como uma aranha
Atinava em 90⁰ com maestria!
Anjo da Noite
Coração de Calmaria
Tempo de Despertar –
Noite de Ventania!
Esguio – como uma Aranha
Em sua prateada teia
Cuja feição
Era a de uma pura Sinfonia
(De Silêncio e de Luz!)
Obrigado, Régis!
Um abraço do "Nirvana"!
NOTA
* Citando parte de um discurso de João Gordo, do Ratos de Porão, numa entrevista.