Pequeno mapa da memória cotidiana
Ao meu lado, em pé no ônibus, uma trabalhadora mantém um olhar vazio e opaco. Sinto no fundo da língua um gosto rançoso e niilista. Desço um ponto antes do mais próximo ao meu destino para respirar e caminhar. Vou devagar, escutando música. Gilberto Gil, cantando Reggae Music, transporta meus pensamentos ao Sul da Bahia, chego a sentir o perfume salgado do mar e o som das ondas quebrando na praia.
A imagem dela surge e sorrio involuntariamente. Já no escritório, abro as janelas e passo o café. Nesse ínterim, chegam os outros funcionários. Cheios de assuntos, demandas e preocupações. Procuro-a na minha agenda e acho o número. Sem muito o que falar, digo que estou com saudades.
Já é um bom dia.