EXTROVERTIDOS X INTROVERTIDOS

O mundo parece valorizar os extrovertidos, os que costumam falar pelos cotovelos, vivem cercados de pessoas e fazem muito sucesso nas festas e rodas de conversa. Mas os quietos e introvertidos também tem sua importância. Principalmente no mercado de trabalho, dada a sua sutileza e capacidade de concentração, não focando em conversas paralelas. Não estou escrevendo isso por que eu sou introvertido, há um livro muito interessante sobre esse assunto, que parece auto ajuda, mas vai muito além disso: O PODER DOS QUIETOS, de Susan Cain. Baseado em extensa pesquisa, traz relatos verídicos e mostra como os tímidos e introvertidos são subestimados, mas podem tirar vantagem de suas características. A autora cita exemplos de introvertidos famosos, como Abert Einstein, Steven Spielberg, Van Gogh, Bill Gates, entre outros. Eu incluiria um brasileiro: Luís Fernando Veríssimo, conhecido por ser um sujeito tímido e calado, mas também um dos intelectuais mais lúcidos e um dos melhores escritores brasileiros ainda vivos.

Um artigo do site mundopsicologos.com também aborda a questão, defendendo as vantagens do introvertido, entre eles: são bons ouvintes, tem poder de observação e capacidade de fazer amigos verdadeiros (https://www.mundopsicologos.com). Mario Quintana, talvez outro introvertido famoso é um pouco mais irônico quando pergunta: “Não sei porque sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros?!”

Eu sou um introvertido de carteirinha. Talvez até um pouco tímido, desses que ainda ficam ruborizados. Dificilmente sei iniciar uma conversa, embora me considere um cara simpático. Não nasci para ser líder, mas tenho grande capacidade de adaptação e habilidade para trabalhar em equipe. Já tive problemas para me relacionar por ser retraído, mas com o tempo superei isso e hoje consigo interagir e até falar em público (a faculdade de Serviço Social e o fato de atender ao público me ajudaram muito a disfarçar a timidez). Mas, como eu já falei, não esperem que eu inicie uma conversa. Na escrita, sou mais expansivo, tanto que já levei fama sem deitar na cama, como já falei em outro texto, só não lembro se já publiquei – a memória, depois dos “enta” já não é mais a mesma

Este texto faz uma defesa dos introvertidos, afinal estou escrevendo em causa própria. Mas não é uma crítica aos extrovertidos – quem me dera ser um deles e conquistar um monte de mulheres bonitas! O que pretendo dizer é que os dois tipos têm seus predicados e podem conviver em harmonia. Geralmente os extrovertidos se sobressaem em tarefas de liderança ou que dependam de contato direto com o público. Os introvertidos, em tarefas que exigem maior poder de concentração – está aí a autora americana citada no início que não me deixa mentir.

Mas a convivência é possível e me aventuro a supor que mesmo casamentos entre extrovertidos e introvertidos podem dar certo: enquanto um fala pelos cotovelos, o outro é um bom ouvinte. São contradições próprias do ser humano que, em vez de gerar atritos, podem ser a chave para o sucesso dos relacionamentos, sejam eles amorosos, entre amigos ou entre colegas de trabalho.