A fantasia bolsonarista
Conforme nos aproximamos do dia 02 de outubro de 2022 - data já histórica tamanha a importância das atuais eleições - vou me convencendo de que deve haver pelo menos uma coisa positiva em ser bolsonarista: ser delirante.
Refiro-me à esse delírio neurótico e psicótico que leva o bolsonarista a viver num mundo fantástico, completamente desconectado da realidade que o cerca.
Afinal, no mundo onde eles vivem, não há fome no Brasil. Não há sofrimento pois o país venceu a pandemia com louvor e a economia se "recupera em V". Por falar em pandemia, não foram tantos mortos assim também, os quase 700 mil alardeados pela mídia. Houve na verdade um grande complô entre médicos, prefeitos e governadores para prejudicar o presidente.
No Brasil bolsonarista (ou seria Nárnia?), as florestas e biomas são cuidadosamente preservadas, num exemplo para toda a comunidade global. Não há extração ilegal de madeira, tampouco desmatamento para expandir o cultivo de soja ou a criação de gado. As únicas queimadas de que se tem notícia foram provocadas por essas tantas ONGs ambientais que existem apenas para prejudicar o presidente.
Nessa Valinor que os bolsonaristas habitam, a única fonte de dor, mentiras e violência é a esquerda - cujo objetivo é invadir suas casas, tomar suas terras e abortar seus filhos. Contra tudo isso apenas os bolsonaristas podem lutar. Afinal, são seres puros e de luz, capazes apenas de amar o seu próximo e avessos à qualquer manifestação de ódio ou preconceito.
Já no mundo real, onde vivo, as coisas não são tão lindas ou simples assim. No Brasil de verdade há muita dor, fome, sofrimento, morte e, acima de tudo, um descaso criminoso do chefe de governo.
Mas mesmo nesse Brasil, há esperança. Estou próximo a um futuro em que terei orgulho, e não vergonha, em olhar para a minha bandeira e vestir a camisa amarelinha da minha seleção. Sim, nem mesmo no Brasil de verdade Bolsonaro conseguiu destruir a esperança.
Dia 02 de outubro toda essa esperança e amor pelo Brasil que podemos ser será depositada na urna. A partir desse dia poderemos ser felizes de novo aqui, no mundo real.