"Eu vi você voltar pra mim"
"Eu vi você voltar pra mim"
(gratidão Renato Russo)
A campainha saúda Renato com a música Maurício. Saltei como desamparada em busca de alternativa, da cama até a sala. Era mesmo Renato. Abri a porta e ele me saudou com lírios. Fiquei tão comovida que não tem efeito narrar. Apenas fiquei comovida. Guardei as flores num vaso de vidro próprio para suco e ele sorriu. "Sempre requintada heim amiga". Gargalhamos.
Logo, ele perguntou se ia ter café e bolacha. Respondi que sim. Fomos para a cozinha: ele com uma cadeira em punho, tipo pendurada numa das mãos. Não sei de onde surgiu um violão azul, parecido com o de minha filha, presente do padrasto. Ele então começou a dedilhar a canção Perdidos no Espaço. Disse-lhe que nunca mais havia ouvido aquela música. Ele deu uma piscadela.
No final da canção, disse que lembrava quando eu dançava loucamente na sala da casa de minha mãe e meu pai. Nós gargalhamos, porque nem meu pai e nem minha mãe gostavam da Banda, nem das músicas e nem de mim a saltar feito maluca ao som daquelas composições extremamente revolucionárias para um par de pessoas nascidas na década de 30.
Depois de rememorar essas e outras, Renato me pediu para não parar de escrever, para não parar de acreditar, para não parar de ser quem sou: “Porque senão você não vai dar conta Sol do meu coração. O ano que vem, vem cheio Sol, você precisa estar conectada com suas verdades.”
Disse outras coisas. Falou sobre o medo, sobre a coragem, sobre a nova humanidade. Pediu para escrever sobre a Luz que vai surgir: “Essa parte vai ser boa minha amiga.”
Sobre essa Luz, Renato falou bastante, tem a ver com as mudanças boas no meio do caos. Uma espécie de segura a onda porque vale a pena. Ele falou sobre as dificuldades da agricultura e sobre uma mexida grande nas placas tectônicas:
“Fica tranquila Sol, você vai estar em segurança, seu Jorge também, também Flora e Dante… Mas vai ser uma baita experiência minha amiga”.
Tomei o café e ele água. Depois ele tocou uma canção inédita chamada Até que enfim, Humanidade. Uma belíssima canção que guardei na memória e compartilho no final do texto.
Antes de Renato ir embora, pediu-me com muita veemência que não parasse de ser eu própria e que nunca desistisse de amar. Assegurou-me que Flora está bem e que ainda vai ser muita contribuição para o Planeta Terra:
“Mantenha a Fé acesa, amiga querida. Mesmo na mais imensa solidão física. Agora levanta e me abraça amiga. Talvez possa vir te ver mais vezes, nessa nova etapa.”
Agradeci a visita, enquanto abraçava meu amigo; nesse instante a campainha tocou. Abri a porta, mas não havia ninguém.
ATÉ QUE ENFIM, HUMANIDADE
Enquanto o fim não chega,
não pare de ser o início,
é assim que tudo se cria:
do caos que a virtude oferta.
Nunca e nada não existem,
as flores vigoram sempre,
a sombra lembra que há luz.
Nem tudo é só desastre:
as rochas são fruto de quedas,
as quedas são fundamentos.
Nenhum amor nasce fora.
Dentro de toda loucura
há um pouco de esperança.
Porque nascer é ir morrendo
para tudo o que mata a bondade.
Abrace a indiferença,
fomente esperança no amor.
Amar não é tarefa fácil,
é isso que gera a paz.
Paz não é sentar e esperar:
paz é lutar sem fuzil,
sem faca sem bomba,
sem baioneta,
sem pensamento sombrio.
Enfim nova humanidade
acercando a Terra Mãe.
Sê forte, mas com serenidade,
sê tudo menos sem coerção.
Tudo que nasce traz luz:
a luz se nota na sombra,
a paz é escolha da luz.
Enfim nova humanidade
luz que há no fundo de nós.
(Música do sonho)
Autora: Solineide Maria de Oliveira do Patrocínio Rodrigues