O TRÂNSITO
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Apelar para o bom senso “humano” no trânsito é até possível, porém, a coisa não funciona como o mote, o chavão e a fala apelativa para pedir voto prometendo o "céu", quando não tem o "inferno" a oferecer. Quando a esmola é grande até o "santo" e o "diabo" desconfia.
Em transitando pela estrada, rua, avenida, etc, encontramos o "fenômeno" da amostragem egoísta dos novos "ricos" motorizados impondo seus "egos" e provocando engarrafamentos, gerando multas, homicídios culposos e ou até dolorosos, brigas e exibição de ignorância das partes envolvidas, direta e indiretamente em descumprimento do "direito" recíproco de ir e vir em paz, sem armadilha de ter que se envolver e de ser envolvido em acidentes fatais e ou não.
Os sinais de trânsito não são obedecidos nem pelas "autoridades" de trânsito e policiais na cidade, uma vez que estacionam em filas duplas e em lugar proibido por elas mesmas que é proibido estacionar. Observe isso onde estiver um carro da policia e da guarda municipal de trânsito. São arrogantes e se acham acima da lei e das pessoas que pagam seus salários mensais.... Tal atitude é falta de ética, corrupção e abuso de autoridade. Esse tipo de vento sem força se encontra facilmente em qualquer cidade, basta sair de casa para comprovar tamanha corrupção da coisa pública. Por outro lado, tem motoristas para todos os gostos da população, param os "alternativos" emplacados e ou não em qualquer lugar nas grandes e pequenas cidades a cata de passageiros... É o cão chupando manga.
E se não bastasse, a “organização” do trânsito que instala câmaras para filmar em tempo real o dito cujo sem ter quem lhe diga que está indo certo e ou errado e ou com excesso, visando apenas lavrar multas como fato gerador de dinheiro para o erário municipal, estadual e ou federal, porém, não tem como mudar a maneira de agir dos motoristas letrados e ou iletrados sem uma verdadeira educação estruturante de valorização da vida do outro.
A correria e ou pressa da vida contemporânea arranja justificativa para todos os erros, motes, matizes e viés de conduta e comportamento passivo e ou exaltado, inclusive a falta de educação para o trânsito que não sai do papel nos cursos de "formação" de motoristas, isso porque tudo está relacionado ao engarrafamento nas ruas, estradas, acidentes, mortes, impunibilidade, etc e o nível de agressividade dos motoristas ébrios e ou não e coisa de faroeste norte-americano dos tempos áureos da sétima arte.
A fúria que envolve os motoristas no trânsito também tem outro motivo disfarçado para "descontar" na coletividade e ou no outro as frustrações pessoais e vivenciais dos encontros e desencontros fracassados até então, por exemplos, casamentos desfeitos, drogas, alcoolismo, contas para pagar, festas, fantasias sexuais, uso de celular, falta de profissão definida, desemprego, poucos estudos formais, vagabundagens, etc.
Ainda que por analogia, isso tem "justificativa" em relação com o homem que trabalha em uma fábrica e ou empresa qualquer, por exemplo, quando volta para casa no fim da tarefa diária, vem cheio de energia negativa, com projetos sonhadores e irrealizáveis, quer comer picanha e não tem nem olho furado, o popular “lalaô” para comer, chega gritando com a esposa, bate nos filhos, chuta o gato, arenga e ou discorda de quem encontrar pela frente, briga com o vizinho por causa do rádio que está alto, e por ai vai...
Em ambos os casos, tanto no trânsito, quanto do caso do homem cabeça "quente" quando larga o trabalho, chama-se transferência, ex-vi os ensinamentos da Psicanálise (A transferência, segundo Freud, pode emergir como um exigência intensa de amor, de atenção, de reconhecimento, ou sob formas mais moderadas: desejo se ser recebido como filho(a) predileto(a), de ser alvo de uma estreita amizade (necessidade libidinal sublimada), e na Psicologia não é muito diferente não (A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do nosso presente. Esta transferência é executada pelo nosso inconsciente. Para a teoria freudiana, esse fenômeno é fundamental para o processo de cura).
Não é aconselhável acreditar que em virtude do trânsito está sendo filmado na cidade avançar o sinal inexiste e ou até mesmo existente em cidades, ruas, estradas, etc, se um dia existir, porque ninguém tem como controlar o outro em suas relações e decisões individuais com e ou sem educação formal e informal, inclusive diante da farra e da farsa da educação para o trânsito que se tem diante das leis flexíveis do Brasil real.