APRENDENDO COM SÓCRATES

Prof. Antônio de Oliveira

Meu modo de ajudar os outros não abrange funções de parteiro. Minha mãe não exerceu funções de parteira como Fenarete, mãe de Sócrates. Fico com Sócrates no ir além. Seguiu a profissão do pai, Sofrônico, dedicando-se ao estudo da sabedoria. Preferiu lidar coma libertação do espírito à libertação do corpo.

Do testamento de Sócrates, pinço algumas joias de bem viver.

Minha arte está, principalmente, em tornar capaz de discernir, com clareza, se do espírito do jovem surgem falhas e fantasias ou frutos reais e verdadeiros.Sou estéril a respeito da sabedoria. A crítica,que muitas vezes me tem sido feita, de interrogar sem nunca me pronunciar sobre coisa alguma tem razão de ser. E a razão é esta: Não tenho em mim nenhuma sabedoria. Deus me obriga a assistir o nascer dos outros, mas não me permite gerar. Em nada sou sábio e nada posso apresentar que tenha nascido de mim.Mas os que a mim se ligam, apesar de que, no início, alguns deles se mostrem ignorantes, no decorrer de nossa convivência fazem progressos maravilhosos não somente ao juízo deles, mas de todos.

Não há dúvida de que nada aprenderam de mim, mas em si mesmos descobriram e criaram coisas maravilhosas. Contudo, se deram à luz, foi graças a Deus e a mim.

Teve muitos admiradores, assim como inimigos. Foi acusado, já em idade avançada, de corromper a juventude e de questionar os deuses. Foi condenado a beber cicuta, condenação à qual teria escapado se tivesse se valido de exilar-se antes do julgamento. A narrativa de seus últimos momentos é feita em Phaedo pelo “sublime e cintilante” Platão.