Onde estão os abraços?
Engraçado, se é que podemos dizer “engraçado”, é que nos tempos da pandemia, por conta da covid-19, ouvíamos e assistíamos, frequentemente, divulgações no sentido de quando tudo voltasse ao normal, retornaríamos aos abraços. Aliás, foi um tempo para reflexões e de rever conceitos e, o mais importante, de aprendizagem moral e intelectual; de se virar na vida e encontrar uma saída para a sobrevivência. E muito se expressava na mídia: “quando voltarmos aos abraços...”
Teríamos um mundo melhor e mais fraterno; andaríamos juntos, de mãos dadas, com objetivo de paz; cantaríamos canções de esperança, num mesmo diapasão; reconheceríamos as fraquezas do próximo; do próximo de dentro de casa; do próximo no trânsito, ainda que desconhecido; do próximo no ambiente de trabalho; etc e tal...
Pois bem! A pandemia passou... A vida continua o seu rito e o seu rumo; o comércio voltou ao normal; os estádios de futebol voltaram à superlotação de torcedores; voltou o carnaval; manifestações tumultuadas, no âmbito dos entraves políticos, a todo o vapor... E onde foram parar os abraços, tão divulgados pela mídia na era pandêmica?
Onde estão os abraços, no vaivém do trânsito e nas buzinações nos momentos de engarrafamento?
Onde estão os abraços, nas opiniões políticas? Nos encontros entre as torcidas organizadas? No convívio familiar e na comunidade em geral? Na cooperação de um país para com outro, independentemente de ideologias, na promoção da paz?
O certo é que, na verdade, os abraços estão acontecendo. Muitas pessoas estão ajudando uns aos outros, financeiramente e em outras áreas. Campanhas altruísticas estão sendo promovidas...
Mas, a questão é a seguinte:
E na hora dos embates, dos entraves, nas diversidades de opiniões e posicionamentos, diante de um adversário, por exemplo no âmbito esportivo ou político, o que, na verdade, não há nada de "engraçado", onde estão os abraços?