Bola de Capotão!
Oh, época de pura emoção.
Quem não se lembra da bola de capotão?
Coisa rara de se ter.
Novinha, então!
Era consumo em extinção.
Gurizada pobre
Nas brincadeiras de rua.
Cancha improvisada.
Era só achar o dono da bola.
Sem ela o jogo não rola.
Aí aparecia o caboclo esperado.
A gurizada se juntava.
Vinham de todo lado.
Naquela gramado de relva natural.
A rua era o palco do espetáculo.
E o dono da bola era exigente.
Ele ditava as regras.
Os melhores eram do seu time.
A gurizada concordava.
O importante é que nessa subserviência a bola rolava.
A bola de capotão era chave de comando.
Era ela quem dava poder ao seu dono.
Geralmente era velha e surrada.
Tinha sido doada depois de usada.
Seus gomos desgastados.
Com jeito de pneus usados.
Não incomodava a gurizada.
Bastava estar bem inflada...