SACO DE LARANJAS

SACO DE LARANJAS

20set22

Estava eu fazendo uma das intermináveis limpezas na despensa, para dispensar os alimentos vencidos quando me deparo com um saco de mercearia com um nó nas alças. Coloco-o sobre a pedra da cozinha e ao abri-lo encontro onze laranjas, provavelmente eram doze ou mais, mas algumas foram consumidas provavelmente.

Aquela compra não havia ocorrido na última semana, senão me lembraria dela, afinal temos a tendência de esquecer aquilo que não nos afeta diretamente ou que deixamos no passado.

As laranjas tinham múltiplos aspectos. Algumas com um mofo esverdeado, outras com partes amarronzadas, mas duas me chamaram a atenção. Uma murcha, toda amarronzada, seca e transparecia podridão. Outra de um amarelo brilhante, cheia de vida e que, apesar de estar no meio de mofo e podridão não se contaminou.

Sua casca grossa, trazia uma cicatriz que em nada atrapalhava seu brilho que era cativante.

Escolhi esta laranja para acabar com a sede que sentia. Sua grossa casca permitia descasca-la usando uma faca com o fio já cego e mesmo assim não ferir seus gomos que encerravam sua essência de fruta bem cultivada.

Separei suas metades com quatro gomos em cada. Os primeiros quatro gomos foram consumidos de forma rápida, pois a sede que sentia atrapalhava saboreá-la. Para a segunda metade optei por saborear gomo a gomo e então pude constatar que no primeiro gomo toda a sensação de boca seca e sede, desapareceram. O segundo, o terceiro e o quarto gomo me provaram que todo aquele sabor demonstrado era real e que as laranjas podres não tinham a capacidade de influenciar o seu sabor.

Separei as sementes para replantar árvores que eternizassem aquele fruto.

Geraldo Cerqueira

Geraldo Cerqueira
Enviado por Geraldo Cerqueira em 22/09/2022
Código do texto: T7611562
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