QUE SEJA ENTÃO PARA MEU DELEITE
Não aufiro nenhum centavo pelo às vezes exaustivo trabalho mental de escrever, faço-o por diletantismo e por vocação. Em muitas ocasiões, percebo, um texto obtido após horas de reflexões, mudanças de ideia, confabulações e preparação, não recebe a mínima atenção que seja, um simples comentário ou não mais que duas ou três leituras. Não nego o quanto isso desalenta o escritor, acabrunhando-o, porém o anelo de cotidianamente viajar no universo maravilhoso da criação literária me impede de abandonar a literatura, de jogar tudo às favas e chutar o balde da indiferença.
Todavia, jamais coadunarei com a péssima perspectiva de pagar para escrever, isto é, de participar de coletâneas às minhas próprias expensas. Penso ser tal forma de publicação uma maneira humilhante de aparecer, de exibir meu labor intelectual. Destarte, não me considero convidado por editoras a fazer parte de livros pagos pelos autores. Vejo-me, nesse caso, como alguém cujo valor como criador de textos não recebe merecimento. Assim, em hipótese nenhuma pagarei para ser publicado. Se um dia for realmente convidado honoris causa, pelo valor dos meus textos, e até ganhar algum valor, então sim. Caso contrário, persistirei laborando nas letras para meu próprio deleite. E dos raros que me dão o prazer e a honra de ler e comentar sobre meu diletantismo literário.