Outra vez
OUTRA VEZ!
As vezes acho que estou sendo exigente demais comigo mesmo, é que não sei como rever explicações vagas e pretextos pueris, quando o tempo passa e me distancio cada vez mais da realização de um sonho tão acalentado, para estender-me em preâmbulos notadamente de aos pretéritos que ao induz a uma realidade, ou mesmo da complacência que se deve ter ao menos com nos mesmos quando temos de decidir pelos efêmeros prazeres e deleites, em um mundo que apesar das grandes discórdias ainda nos da o direito de buscar a felicidade... Eis que suportei dores, traguei as minhas magoas com um estoicismo dilacerante, às vezes pela minha insuportável timidez cênica, sempre fugindo às câmeras, pois por mais atrativa que seja a fama, evitá-la seria uma defesa autentica de quem não suportaria outra versão que não fosse a verdade, e nem mesmo os assédios constantes ou a vontade de se entregar às aventuras fosse possível abrir da solidão um caminho secreto para a felicidade e que nessa tormenta de sensações e sentimentos desenfreados os dias se tornassem invisíveis e as noites intermináveis, porém, em
uma dessas, sei que não foi alucinação e sim um prodígio da vida real. É que ela agarrou-me pelo braço com a sua mão viva, morna, terna e soprou-me aos ouvidos com a sua voz natural: amor... Voltei as vista ao lado e nada restava a não ser um travesseiro solitário e o leito vazio de uma alcova desarrumada e repleta de solidão, do éter da vida e da felicidade que não flui.
Nessa época do ano o calor é insuportável, o zoar do ar condicionado se mistura com os ruídos da TV ligada em canal a ermo, uma forma de quando acordado saber ainda estar nesse mundo. Mas uma necessidade de manter o equilíbrio enquanto assistimos a uma peça de encenação única em um mundo de nevoas e nevoeiros onde julgamos e somos julgados, somos surpreendidos pela perplexidade e entre sonhos e pesadelos, acionamos o botão de partida da nave e seguimos para mais uma viagem com a liberdade de se escolher o destino, mesmo sem saber se lá chegamos vamos saboreando as gentilezas e amargando os infortúnios, contando as nossas proezas e vendo contarem as nossas decepções e derrotas, é tão rápido a nossa existência que até parece vivemos anos luz porque quando estabilizamos a mente para pensar, assistir o filme da vida, ela já passou por nos e nem percebemos que não estamos mais aqui.
Do alto de uma grande montanha, firmo a mão sobre as vistas e vislumbro-te, tão bela como estavas na primeira vez que te vi, com um vestido de um tecido tão leve e sublimado de tom azul claro, esvoaçante ao vento, como se tivesse saído de um tear celestial. Não sei como consigo te enxergar sem os artifícios de lentes especiais, porém, está tão perto e nítida, mas eu não consigo tocar-te, apesar de sentir o teu cheiro e os teus cabelos esvoaçantes que chegam a tocar-me o rosto, e por quê? Onde e quando vais te revelar para mim outra vez?