A solidão dói (BVIW)
É inegável os avanços na sociedade moderna, produto da revolução tecnológica e digital. Contudo, no conjunto das transformações econômicas e sociais, pode-se observar por meio de indicadores, como o índice de Gini[1], que, no caso do Brasil, tem se ampliado as desigualdades sociais.
As tecnologias da informação e comunicação têm contribuído, tanto com inovações nas relações de trabalho e emprego, quanto no desenvolvimento de áreas importantes como a educação e a saúde. No entanto, o número de alunos que tem abandonado a escola e o número de desempregados apontam haver um hiato no que seriam avanços e retrocessos.
O progresso traz problemas, pois assim como o celular permitiu disponibilizar informações em tempo real, o seu uso para fins de rede social tem ampliado a distância entre as pessoas, estimulando o individualismo e o isolamento social.
Diante desses paradoxos, e das rápidas mudanças conjunturais e estruturais, alguns fenômenos passam despercebidos por parte da população, e outros elementos vão surgindo no contexto da invisibilidade social, por exemplo, a solidão, que vem atingindo diferentes classes sociais e faixas etárias. Os efeitos começam a surgir ampliando a depressão e casos de suicídio, tendo os dados mais recentes apontado necessidade de preocupação por parte das áreas da saúde e do desenvolvimento social.
A solitude pode ser poética, mas a solidão dói, corrói, machuca e mata.
Iêda Chaves Freitas
20.09.2022
Tema: invisibilidade social (Crônica)
[1] O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem).