Das Minhas Lembranças 40
O sonho de realizar um projeto sem as amarras da política partidária me levou a criar o Grupo Oficina de Sonhos. Como na maioria das vezes, não me lembro o ano. Com certeza, ao final dos anos 90. A ideia fixa me levou a perder o sono em algumas noites e sonhar com um projeto de literatura, música e teatro, tendo como eixo, o comportamento. A frase de Raul Seixas "sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só; sonho que se sonha junto é realidade", me levou a Geraldo Bernardes, velho companheiro de militância e ao novo amigo, Rubens Pinheiro. Expus a ideia aos dois, que toparam de imediato. Rubens sugeriu atrairmos o Marcos Aurélio, o Marquinhos, com experiência de luta no movimento sindical e popular. A primeira reunião, que oficializou o grupo, aconteceu na casa de Rubens. Laura, sua companheira, providenciou café e pão de queijo. Dessa reunião nasceu o nome Oficina de Sonhos, que começaria a editar e publicar o boletim Intercâmbio, de meio ofício de quatro páginas, com textos curtos, para incentivar as pessoas a leituras. Decidimos, também, que a nossa sede seria móvel. Ora na casa de um membro, ora na casa de outro, com o cafezinho e os bolos, por conta do anfitrião. Foi aí que surgiu um problema: o grupo não podia ser um Clube do Bolinha. As as mulheres, no caso as nossas companheiras precisavam ser integradas. E com o tempo, pensar na integração de outras pessoas, caso quisessem. Mas não queríamos um grupão. Nossas companheiras foram convidadas e toparam. Assim, com a integração de Eliana, Laura, Lúcia e Simone, o grupo teve a sua ampliação. Elson Pego também veio logo em seguida, trazendo seu violão, que pertencia ao Rubens, debaixo do braço, animando nossas reuniões com músicas de Xangai, Elomar, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, entre outros. Era um sonho alto para as nossas condições financeiras, com os custos divididos entre os integrantes, de acordo com a capacidade de cada um.
Eu fiquei responsável pela primeira página, a capa, Geraldo Bernardes, pela segunda, Rubens Pinheiro pela terceira e o Marquinhos pela quarta. A tiragem inicial de cinco mil exemplares foi distribuída nos locais previamente definidos: Escolas Júlia Kubistischek, Maria do Amparo, Nossa Senhora Aparecida (Bairro Industrial) e Machado de Assis, Antônio Confrade (Bairro Amazonas), que se tornaram pontos fixo, pela boa aceitação. Sempre na entrada do horário noturno. Outro local definido foi na saída da missa da Igreja São José Operário e no centro comercial do bairro. Uma vez distribuímos o boletim na feira do Bairro Amazonas.
No próximo capítulo trago os conteúdos do nosso primeiro número . Aguardem.