SAQUEAR
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Infelizmente a cultura de saquear "vive" presente com a massa. Diante de um desastre de trânsito, por exemplo, a massa não "pensa" duas vezes e leva tudo da carga material conduzida pelo carro, caminhão, caçamba e ou carreta, etc. A massa não deixa pedra sobre pedra na hora do sinistro e da dor do outro. A massa não tem coração “pensante” como se pensa que o coração pensa... A solidariedade humana desaparece, a massa nesse momento fica cega e só vê o bem alheio como se fosse algo achado no lixo, sem dono. É a mesma massa que proclamou Jesus Cristo, o rei dos judeus pelas ruas de Jerusalém e poucas horas depois “induzida” a proclamá-lo subversivo com a sentença de condenação à morte na cruz. A massa é inconsequente em seus atos de levar tudo dos outros, sem amparo à luz do direito. Na vida tudo tem dono, porém, nada acontece por acaso, tanto a felicidade, quanto a infelicidade alheia também. A massa é especialista em saquear e/ou levar para si o que não é dela, depõe contra a própria honra, se é que ela tem honra, conduta e boa fama. Não deixa de ser pecado perante a lei de Deus, bem como crime perante a lei dos homens. A massa oferece um péssimo exemplo para a sociedade que se diz defende-la. Não existe ensino formal para a massa aprender levar para casa o que não lhe pertence. A prática nua e crua é a metodologia plantonista informal do caminho largo que leva a qualquer lugar.
Aparecerá alguém dizendo que a pobreza material tem cara de herege, porém, tal argumento é universal, uma vez que o sabor do sal e do açúcar, estão presentes em todas as culturas, semelhantes ao fazer o bem e ou o mal, o santo e o pecador... saquear é levar para casa o que não é da massa, é propriedade alheia, representa furto, crime. Tanto é assim, que se a autoridade policial “sabe” pelo menos por ouvi dizer onde a "massa" mora e lá encontrar o objeto, bem e ou produto saqueado, a coisa muda de "cor" via busca e apreensão e tem abertura de inquérito policial para apurar as responsabilidades nominais individualizadas e desqualificação da "massa" para responder criminalmente pelo crime do furto praticado.
Enfim, na hora de um desastre a massa aparece, age e desaparece como um formigueiro humano, onde mora não se sabe, se em casas, casebres e ou palácios de beira de estradas. A massa vê e percebe tudo na hora de agir pelo bem e ou pelo mal de si e ou de terceiros. A massa sabe quando faz o bem e quando faz o mal. Ser pobre de bens materiais não quer dizer que seja candidato a saqueador. É essa a cultura transmitida de geração em geração em nome da pobreza existencial, sic, salvo melhor juízo.