POETA NESTOR TANGERINI

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO

Nelson Marzullo Tangerini

Quando publiquei, em 1997, a primeira edição de “Dona Felicidade”, sonetos de Nestor Tangerini, alguns jornais, como o “Estado de Minas”, de Belo Horizonte, MG, “O Fluminense”, de Niterói, RJ, e “Linguagem Viva”, de Piracicaba, SP, publicaram resenhas curtas, porém significantes, a respeito do livro. Outros jornais, porém, ignoraram solenemente a existência do poeta.

O jornal O Fluminense, em sua coluna “Cidades”, p.7, Niterói, RJ, Sexta-feira, 4 de abril de 1997, publica breve resenha sobre “Dona Felicidade”:

“ LIVRO NARRA IMPRESSÕES DE ESCRITOR

Trinta anos após a morte do escritor e jornalista Nestor Tambourindeguy Tangerini, a Editora Achiamé lançou o livro “Dona Felicidade”, uma coletânea de poemas escritos entre 1923 a 1958. A cerimônia de lançamento será amanhã, às 10 horas, na Livraria Ideal, no Centro de Niterói. O livro narra as impressões do poeta, algumas delas publicadas em jornais e revistas pelo filho mais novo do autor, Nelson Tangerini.

Nestor foi um dos maiores expoentes da intelectualidade niteroiense. Na década de 20, frequentava a roda intelectual do Café Paris ao lado de outros poetas, como Luiz Leitão. Pouco depois, Nestor se destacou em produções de peças de revistas para a Companhia Jardel Jércolis. Em suas peças, atuaram alguns dos monstros sagrados da arte brasileira como Oscarito, Grande Otelo e Henriqueta Brieba”.

Publicamos, aqui, a ligeira mas interessante resenha publicada na coluna “Lançamentos”, do “Caderno Espetáculo”, p. 8, do jornal “ Estado de Minhas”, de BH, em 21 de maio de 1977, quarta-feira, a respeito do livro de Tangerini – um presente de aniversário, portanto, para este escritor que vos escreve:

“DONA FELICIDADE

A Achiamé publicou ‘Dona Felicidade’, volume de poesias de Nestor Tangerini, jornalista, caricaturista e teatrólogo paulista, que viveu entre 1895 e 1966. O título do livro é o mesmo nome da valsa”, “Dona Felicidade”, “composta por ele e Benedito Lacerda e gravada, em 1937, por Castro Barbosa. O livro contém fotos do autor e de suas sobrinhas, a mais famosa dela é a atriz Marília Pêra”.

Em sua terra natal, Piracicaba, SP, o livro “Dona Felicidade” foi resenhado, também, em 1997, pelo jornal Linguagem Viva:

“DONA FELICIDADE, poesia de Nestor Tangerini, publicado pela Achiamé, Rio de Janeiro, RJ, 1997, 63 páginas. O autor nasceu em Piracicaba, a 23 de julho de 1895. O livro é um trabalho de seu filho, Nelson Tangerini, jornalista e professor de literatura no Rio de Janeiro. A iniciativa da publicação dos poemas de Nestor Tangerini, poeta de valor, permite que, agora, com este livro, fosse ele também louvado em sua terra natal“.

Em 2016, uma nova edição de Dona Felicidade foi elaborada e publicada pela Editora Autografia, com novos poemas do autor, como a redondilha, que publicamos nesta crônica:

“ACORDES

De surpresa, certo dia,

em meus íntimos refolhos,

penetrou toda a harmonia

da música de seus olhos...

...

Vem um belo entardecer,

e, em voz doce, voz que embala,

penetrou todo o meu ser

a canção de sua fala...

...

Depois veio noite linda,

noite de amor e desejos,

e me invade, mais ainda,

a música dos seus beijos...

...

E assim tivemos, nós dois,

entre poesia e calor,

o que viria depois:

nossa ópera de amor.

...

Mas as pautas se acabaram

com a nossa separação,

e hoje em mim só me ficaram

acordes no coração...” (*)

Sobre a resenha do jornal O Fluminense, o texto foi levemente corrigido por mim, uma vez que havia alguns erros quanto a biografia de Nestor Tangerini.

A escritora francesa Marguerite Yourcenar escreveu que “Quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana”.

Nestor Tangerini é, portanto, um dos grandes poetas da literatura lusófona.

...x...

(*) Publicado anteriormente no Boletim Literário,

Informativo Bimestral da Editora Komedi,

Distribuição Interna,

Ano VII – no. 71, Campinas, SP, Julho-Agosto de 2003

e AAC Informativo / Órgão Informativo da

Associação Nacional dos Aposentados dos Correios,

p. 5, Literatura

Ano XI – no. 25, Brasília, DF, 4º bimestre de 2003.