O paraíso são os outros
O paraíso são os outros
De fato, a solidão é cantada, recitada, pintada e até esculpida por artistas no mundo todo. Ela é combustível para as mais belas criações.
Mas, me apego as lembranças que me remetem, não a solidão, mas aos amores que passaram pela minha vida e deixaram pedacinhos, lembranças que sempre me levam a um lugar seguro, me levam ao meu paraíso.
Me recordo do beijo doce, e carinho suave de minha mãe ao dar boa noite, dos seus dedos enrolando meus cachos e tocando minha cabeça com tanto carinho que me fazia dormir tranquila, noite após noite, minha mãe nunca precisou dizer que me amava nessas ocasiões, e é certo que não dizia, não havia necessidade para isso.
Me recordo de um dos amores que tive, do abraço apertado, sorriso sem jeito, do coração disparado, eu me recordo do beijo, lembro que sem jeito me olhou, sem saber a minha reação, mas com ternura, com êxtase, ele não disse que me amava, não havia necessidade disso, por mais delicioso que foi ouvir sobre seu amor, tantas e tantas vezes, naquele momento, naquele divino momento do nosso primeiro beijo, não havia necessidade de palavra alguma.
De fato, o paraíso não deve ser um lugar específico, deve estar entre os dedos da minha mãe e o olhar do meu doce menino, o paraíso são as pessoas que me amaram e não precisaram dizer isso, o paraíso, foi o exato momento que palavras poderiam macular o inefável, o paraíso foram essas pessoas, esses momentos, que no compartilhar de olhares e toques, eu fui amada, eu tive certeza de ser amada.
Meire Perola Santos ©