SEMANA FARROUPILHA - LAGOA DA MÚSICA

Com o importante dia 20 de setembro chegando a galope, precisamos dar ênfase à nossa tradição, a semana farroupilha, a chama crioula. Nosso momento de junções e eventos que rondam esse momento tão especial do ano, para nós, gaúchos.

Seja pilcha nova, exclusiva e única para o momento ou aquela surrada, de quem vive no campo, tudo é válido. Sabendo que a única obrigação, é o respeito. Sempre. Cresci em meio a tudo isso, e confesso que a indumentária tradicional dos pampas me caía mais nos festejos, mas participei de tudo que foi possível, aprendendo, conhecendo pessoas e principalmente, vivendo nosso mundo gaúcho.

Quem mora nesse vasto rincão, já deve ter ouvido falar da lenda da lagoa mal assombrada, mas também, e por incrível que pareça, muitos não sabem nada do tal fato. A tradição do encantamento de lendas que antes passada de pai para filho, está gradativamente ficando para trás. Então, relembraremos um pouco desse episódio marcante e que mantém muitos gaudérios de orelha em pé quando ouvem as notas musicais que brotam de suas águas e corre com a brisa noturna.

Na sangrenta Revolução Federalista de 1893, uns trezentos republicanos pica-paus foram degolados em suas margens, e os maragatos, vencedores, atiraram muitos mortos na lagoa. O coronel Negro Adão, de poncho largo atirado por cima dos ombros para as costas, firmava a ponta da faca bem chairada embaixo do nariz da vítima e quando esta instintivamente levava a cabeça para trás, com perícia de bom conhecedor do ofício lhe era desfechado o rápido e profundo talho no pescoço, de orelha a orelha. O sangue esguichava para todos os lados. O ferido irremediável, ainda caminhava alguns passos antes de cair. Era como um último desfile dos derrotados. Mas não só os castelhanos foram mortos. Muitos brasileiros estavam na lista das vinganças e, fizeram parte dos trezentos e muitos daquela tarde, onde o rubro sangrento destacava-se sobre a relva.

Diz a tradição que entre os degolados encontrava-se um rapaz que era o tocador de clarim da sua tropa. Mesmo ferido de morte, ele ainda encontrou forças para correr até a lagoa levando seu instrumento musical, desaparecendo nas águas escuras que o engoliram, no entanto, o mantiveram na história. A lenda garante que até hoje o soldado morto gosta de tocar o seu clarim nas noites de lua cheia, o que acabou dando à lagoa a fama de lugar mágico, de onde saem notas musicais que ninguém consegue explicar de onde vêm.

Como se sabe, muitos já precisaram abandonar o lugar um tanto quanto mais ligeiro quando ouvia qualquer coisa que se assemelhasse com qualquer espécie de instrumento musical, e também muito chinelos foram deixados para trás, não por oferenda, mas como dizem, viravam em pernas correndo.

Isso tudo aconteceu pelas bandas de Hulha Negra, região da campanha do Rio Grande do Sul.

Um ótimo 20 de setembro a todos.