O Tempo
Se a vida é uma escola, o tempo é nosso melhor professor.
Ah o tempo, este sábio e cruel que nos ensina pela força a alcançarmos a excelência do equilíbrio e da razão, que nos molda cuidadosamente e vagarosamente, esquadrinhando nossos ossos e medulas, ajustando-nos a forma mais perfeita que ele puder.
Mas quem disse que era sem dor? Não, ao contrário, ao nos faltar o bem maior dessa vida, a sabedoria, nos debatemos, resistimos e recusamos a aceitar seus ensinamentos mais necessários. Por isso, a dor não é uma exceção, é uma regra que temos que cumprir, querendo ou não, que vai arrebentando nossos músculos e nervos, quebrando nossos ossos e invadindo nosso coração, estraçalhando as nossas emoções. Quem dera essa dor fosse aguda, mas é crônica, daquelas que levam uma vida inteira para cessar, parecendo não ter cura, quando muito ameniza um pouco, até que retoma, as vezes ainda mais intensa. Por que? Simplesmente porque insistimos em sofrer, somos teimosos, enquanto aprendemos com o tempo esquecemos das coisas mais básicas, mais preciosas para um aprendizado rápido e menos dolorido, através da paciência, da serenidade, da mansidão, da humildade, da gratidão, do bom senso, da razão, da prudência, do respeito, do equilíbrio, da meditação, do conhecimento, do planejamento e a tão sonhada e já citada, sabedoria. Por isso, como podemos reclamar da dor, se nós mesmos escolhemos sofrer, se não aceitamos esperar, se insistimos em errar, se recusamos aprender, se não sabemos sequer viver e os que conseguem chegar mais perto da excelência desse aprendizado vivem mais, talvez não vivam mais tempo, mas vivem mais alegres, mais felizes, mais esperançosos.
Algumas vezes bradamos em alta voz "ensina-me ó tempo a aprender de ti", mas ele não nos escuta, não atende, vai seguindo o seu curso sem dó e sem piedade, deixando suas marcas na história, na nossa história.
E ao receber o diploma das mãos deste impiedoso professor, percebemos que mais erramos do que acertamos e daí pedimos, na verdade imploramos para voltar atrás e refazer nossos erros, nossa jornada, nossas vidas, mas percebemos que já é tarde, tarde demais, tudo se passou e nem percebemos, não aproveitamos de um jeito melhor e aí lamentamos dizendo “Que pena, agora já não há mais...TEMPO!”